Situação digital na Espanha: Entre o crescimento e a responsabilidade ambiental
A Espanha enfrenta uma perplexidade digital ao promover a construção de múltiplos centros de dados em todo o país, enquanto implementa um rigoroso controle sobre o seu consumo de energia e água. O governo, que incentiva o investimento no setor, agora toma medidas para mitigar o impacto ambiental dessas instalações, essenciais para a inteligência artificial e a economia digital.
Nos últimos anos, a Espanha se firmou como um dos destinos mais desejados para a instalação de centros de dados, atraindo gigantes da tecnologia como Amazon Web Services, Microsoft, Meta e Google. O programa “Espanha Digital 2025” destina milhões de euros para impulsionar a criação de centros de dados inteligentes, com a esperança de triplicar a capacidade instalada em um prazo curto.
Entretanto, a rápida expansão atraiu preocupações ambientais, especialmente ao considerar o consumo elevado de eletricidade e água necessário para manter os servidores resfriados, em um país que já enfrenta recorrentes secas.
O Ministério para a Transição Ecológica e o Reto Demográfico está consultando publicamente um projeto de Real Decreto que exigirá que centros de dados com potência contratada superior a 500 kW informem detalhadamente sobre seu consumo de recursos, eficiência energética e contribuição local. As normas exigem que os centros maiores estejam entre os 15% mais eficientes da Europa.
O decreto prevê sanções e, em casos mais graves, restrições de acesso à rede elétrica para aqueles que não atenderem aos novos requisitos. O prazo para adequação será de três meses. Enquanto grupos ambientais recebem a medida de forma positiva, associações tecnológicas alertam que regulações excessivamente rigorosas podem desencorajar investimentos futuros.
Casos recentes de alto consumo de água em instalações de empresas tecnológicas nos EUA ressaltam a necessidade de maior transparência e sustentabilidade nos centros de dados. A Espanha está buscando equilibrar a atração de investimentos de alto valor agregado com a limitação dos impactos negativos sobre os recursos hídricos e energéticos.
A consulta pública sobre o assunto estará aberta até 15 de setembro, e as opiniões coletadas serão cruciais para moldar a aplicação final da norma. O dilema permanece: como a Espanha poderá manter sua liderança digital sem comprometer sua responsabilidade ambiental?