O Conselho de Segurança da ONU se reuniu nesta quarta-feira para discutir o recente informe da Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (Unmiss), apresentado pelo representante especial Nicholas Haysom. O relatório destacou os fatores de estresse que afetam a população, incluindo a violência comunitária, que se tornou um dos principais motores do conflito. Este cenário impacta desproporcionalmente as populações vulneráveis, como mulheres, crianças e grupos marginalizados.
Durante a reunião, Haysom indicou que a agitação civil recente é um reflexo da crescente frustração do povo sudanês diante da crise. O aumento de 200% no custo da cesta básica de alimentos e uma inflação que atingiu 107% têm exacerbado a situação. A insatisfação é acentuada pelo fato de que servidores públicos estão sem receber salários há dez meses. No entanto, um novo anúncio do governo sobre a retomada da produção de petróleo trouxe alguma esperança para o restabelecimento dos serviços básicos e do processo de transição, que foi suspenso em 2024.
Além das dificuldades econômicas, o Sudão do Sul enfrenta um surto de cólera com 23 mil casos suspeitos, agravado pelas inundações. A doença está se espalhando em áreas de difícil acesso, e esforços da ONU, como o Plano de Necessidades Humanitárias de 2025, visam atingir 5,4 milhões de pessoas com assistência essencial, necessitando de US$ 1,7 bilhão.
O presidente interino da Comissão Conjunta Reconstituída de Monitoramento e Avaliação, Charles Tai Gituai, informou que, apesar dos desafios, houve progresso após a extensão do período de transição, adiando as eleições gerais para dezembro do próximo ano. No entanto, a falta de financiamento e a lentidão na preparação de uma nova Constituição ainda representam empecilhos.
Em questões de segurança, o relatório revela que a implantação das Forças Unificadas Necessárias está em andamento, mas as negociações entre o Governo de Transição Revitalizado de Unidade Nacional e grupos rebeldes, mediadas pelo Quênia, atravessam um impasse. Os incidentes de violência continuam a ser um desafio, com um aumento de 27% nos casos registrados, somando 250 incidentes que resultaram em 327 mortes. A Unmiss mantém bases temporárias em áreas críticas para proteger civis e apoiar rotas de suprimento, destacando sua importância em um contexto de segurança ainda frágil.
Origem: Nações Unidas