A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Comissão da ONU para a América Latina e Caribe (Cepal) estão unindo esforços para solicitar que os governos da região intensifiquem suas políticas de cuidado voltadas para famílias, abrangendo tanto crianças quanto idosos. A colaboração resultou na publicação do boletim “Tempo para Cuidado na América Latina e Caribe: na Direção de uma Corresponsabilidade Social e de Gênero”, que foi lançado em março, mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher.
O documento destaca a necessidade de aprimorar licenças de emergência e implementar formas de trabalho mais flexíveis, enfatizando que as regulamentações que permitem um maior tempo para o cuidado com os familiares são essenciais para o ambiente laboral. Essas políticas não apenas garantem o direito ao cuidado, mas também podem impulsionar a economia e promover a igualdade de gênero. A análise aborda a situação atual das licenças de maternidade, paternidade e férias parentais, propondo alternativas para melhorar as condições de licença e flexibilizar a jornada de trabalho.
Atualmente, apenas cinco países da região oferecem 18 semanas ou mais de licença maternidade. As disparidades se estendem ao mercado de trabalho, onde apenas 50% das mulheres estão empregadas, em contraste com 75% dos homens, e 52% das trabalhadoras não fazem contribuições para a seguridade social. A licença paternidade é um benefício oferecido em apenas 11 países, predominantemente com um período de apenas dez dias.
A Cepal alerta para o envelhecimento da população na região, que traz novos desafios, especialmente em um contexto de crise climática e epidemias. O secretário-executivo da Cepal, José Manuel Salazar-Xirinachs, enfatiza que a demanda por cuidados está crescendo rapidamente. Já Ana Virginia Moreira, diretora regional da OIT, ressalta a importância de reconhecer o valor do trabalho de cuidado, que sustenta não apenas vidas, mas também economias inteiras.
Investimentos nessa área podem resultar na criação de 32 milhões de empregos até 2035, sendo 11 milhões destinados a serviços de creches e 21 milhões em cuidados de longo prazo. Esse avanço não apenas beneficiaria os direitos das mulheres, mas também contribuiria para a redução da pobreza e da desigualdade no acesso ao emprego.
Origem: Nações Unidas