Desafio da Casa Branca na Indústria de Semicondutores: Estados Unidos Busca Equilibrar Produção com Taiwan
A ambição da administração Biden de equilibrar em 50% a produção de semicondutores voltados para o mercado americano entre Estados Unidos e Taiwan enfrenta um grande desafio: a falta de uma cadeia de suprimentos doméstica madura. Apesar do esforço liderado pelo Secretário de Comércio, Howard Lutnick, de garantir que metade dos chips utilizados pelos cidadãos e empresas americanas sejam fabricados em território nacional, analistas e especialistas indicam que isso pode ser difícil de alcançar, dado o atual estado da indústria nos EUA.
Atualmente, os Estados Unidos produzem uma quantidade significativa de semicondutores em processos mais antigos, mas o verdadeiro gargalo está na produção de chips avançados, que alimentam tecnologias como inteligência artificial e 5G. Taiwan, particularmente a TSMC, detém cerca de 90% da produção de chips de vanguarda, o que levanta preocupações sobre a dependência americana da ilha, especialmente em um cenário de crise geopolítica.
O plano de “50/50”, embora ambicioso, carece de definições claras sobre quais tipos de chips estão incluídos e como o objetivo será medido. Sem um escopo definido, fica difícil discutir a viabilidade, custos e os prazos necessários para implementar tal medida.
Além disso, a expansão da TSMC em Arizona, considerada a maior iniciativa de investimento estrangeiro em semicondutores na história dos EUA, avança rapidamente, mas ainda assim representará apenas uma fração da capacidade global da empresa até 2030. Enquanto isso, as indústrias de semicondutores americanas lutam para estabelecer uma rede local de fornecedores e materiais essenciais, muitos dos quais ainda são importados de países como Japão e países europeus.
Embora a empreitada de elevar a produção doméstica de chips possa ser vista como uma política de segurança, os custos de produção nos EUA são superiores aos de Taiwan, o que pode afetar várias indústrias. A criação de uma cadeia de valor completa, que envolva desde matérias-primas até serviços de logística e mão de obra qualificada, será crucial para o sucesso dessa estratégia.
O horizonte de médio prazo dependerá de como a indústria americana se adaptará às exigências da nova política e se conseguirá integrar uma rede robusta de fornecedores, a fim de reduzir a vulnerabilidade da economia nacional a possíveis crises externas. A jornada para alcançar um verdadeiro “50/50” pode ser longa e cheia de desafios, mas se for abordada de forma estratégica, pode representar um passo significativo na construção de um setor de semicondutores resiliente e auto-suficiente nos Estados Unidos.

