As dificuldades enfrentadas pelos refugiados em territórios de baixa densidade no acesso a serviços essenciais estão sendo analisadas em um novo estudo da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). A pesquisa, que será apresentada no “I Encontro sobre Desafios e Políticas de Integração de Migrantes – Uma Visão Atlântica”, revela que, apesar dos desafios, essas regiões oferecem um custo de vida mais acessível e uma maior facilidade de acesso à habitação, além de promover relações interpessoais mais próximas, o que ameniza algumas das questões estruturais que historicamente afetam a acolhida de refugiados.
Desenvolvido por Octávio Sacramento e Pedro Gabriel Silva, pesquisadores do Centro de Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento (CETRAD), o estudo foca na evolução do acolhimento de refugiados em locais de baixa densidade em distritos como Castelo Branco, Porto, Vila Real e Viseu desde 2017. Os investigadores destacam que, nos primeiros momentos do acolhimento, havia uma grande discrepância entre as políticas teóricas e a realidade prática, com muitos direitos garantidos pela legislação não sendo concretizados devido à falta de recursos e de uma infraestrutura adequada.
Entre os principais obstáculos enfrentados estavam a escassez de recursos, a falta de know-how e tempo por parte das instituições locais, um sistema de tradução ineficaz, e a carência de ofertas de formação profissional destinadas aos refugiados. Contudo, os investigadores perceberam que, ao longo do tempo, essas barreiras têm diminuído, sendo que a proatividade e a criatividade dos técnicos locais têm sido essenciais para preencher as lacunas do sistema.
A pesquisa também mencionou a colaboração com Elizabeth Challinor, do Centro em Rede de Investigação em Antropologia da Universidade Nova de Lisboa, ressaltando assim a importância do trabalho em rede no progresso das políticas de acolhimento e integração de refugiados em Portugal.
Origem: UTAD