O Tribunal de Comércio Internacional dos Estados Unidos suspendeu temporariamente a aplicação das polémicas tarifas de 10% impostas pela administração Trump, que geraram intensas reações no cenário político e nos mercados financeiros. A decisão, resposta a uma ação judicial apresentada por doze estados e várias organizações, representa um revés significativo para o ex-presidente e provocou imediata inquietação nos mercados globais.
As tarifas foram implementadas por meio de uma Ordem Executiva que invocava a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977 (IEEPA). Segundo a administração Trump, as práticas comerciais de parceiros estrangeiros constituíam uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos, o que justificava a imposição de tarifas sobre produtos e serviços importados.
No entanto, o tribunal resolveu que a IEEPA não confere ao presidente a autoridade de impor tarifas de forma unilateral, afirmando que essa competência é exclusiva do Congresso, conforme estipulado pela Constituição. A decisão ressalta que a adoção de medidas fiscais e comerciais dessa magnitude requer aprovação legislativa, invalidando a justificativa utilizada por Trump.
Em resposta, a Casa Branca já anunciou planos de apelação ao veredicto. Stephen Miller, um dos principais conselheiros de Trump, qualificou a decisão como um “golpe de Estado judicial”, criticando a intervenção de juízes não eleitos em questões fundamentais de segurança nacional.
O impacto da decisão gerou incerteza, especialmente no setor tecnológico, que depende fortemente de componentes e sistemas estrangeiros. A revisão judicial também coloca em dúvida outras tarifas, como a de 25% sobre chips importados, podendo afetar significativamente as projeções de preços nesse segmento.
Além disso, o magnata Elon Musk anunciou sua saída do cargo de ‘Empregado Especial do Governo’, uma função informal no time consultivo de Trump, justificando sua decisão por “desacordos fundamentais” com a política fiscal do ex-presidente, que, segundo ele, “aumenta o déficit e prejudica os esforços para melhorar a eficiência governamental”.
Embora a sentença represente uma vitória para os defensores do comércio livre e da Constituição, a situação permanece incerta. A equipe legal de Trump está preparando sua defesa, enquanto as empresas atingidas pelas tarifas aguardam ansiosamente novas decisões judiciais e possíveis represálias políticas.
A suspensão temporária das tarifas serve como um lembrete claro de que a autoridade da execução nos Estados Unidos tem limites, especialmente em questões de comércio internacional, reafirmando o papel importante do Congresso na formulação de políticas econômicas de grande escala.