O tráfico de drogas sintéticas está gerando uma nova dinâmica no mercado ilegal, aproveitando-se de rotas que cruzam zonas de conflito e contribuindo para a instabilidade global. Durante a abertura da sessão da Comissão de Narcóticos em Viena, a diretora-executiva do Escritório da ONU sobre Drogas e Crime (Unodc), Ghada Waly, destacou que o aumento das substâncias sintéticas torna o comércio de entorpecentes “imprevisível”.
Com a participação de mais de 2 mil pessoas e 179 eventos paralelos, a sessão, que ocorre de 10 a 14 de março, reúne especialistas para discutir os desafios atuais relacionados ao tráfico de drogas. Um dos pontos centrais da agenda é a luta contra a proliferação de opioides letais, como o fentanil. Ghada Waly alertou que a tecnologia está mudando rapidamente a forma como as drogas são comercializadas e distribuídas, com a “dark web” servindo como um novo mercado clandestino para essas substâncias.
A utilização de criptomoedas facilita que traficantes realizem transações sem serem detectados, e as redes sociais se tornaram plataformas para a promoção de drogas, com foco especial em jovens. A internet também é um recurso para compartilhar conhecimentos sobre a produção de substâncias sintéticas.
Enquanto isso, a ONU relata recordes nas apreensões de opioides e substâncias psicoativas. Laboratórios clandestinos têm sido descobertos em diferentes regiões, com mais de 1,3 mil substâncias psicoativas distintas já catalogadas. O uso de medicamentos sintéticos se apresenta como um dos maiores desafios enfrentados globalmente, uma vez que sua fabricação é rápida e barata, além de poder ser facilmente transportada em grandes quantidades.
No Oriente Médio e na África, o comércio de drogas como o captágono, um estimulante viciante, tem exacerbado a instabilidade em conflitos. No Iraque, as apreensões dessa substância aumentaram em mais de 3.300% entre 2019 e 2023, com 4,1 toneladas apreendidas em um único ano. A problemática é semelhante no Sudeste Asiático, que registrou 190 toneladas de metanfetamina apreendidas em 2023.
A diretora exigiu atenção especial às circunstâncias pós-conflito da Síria e outras regiões afetadas, ressaltando a necessidade de monitoramento rigoroso para conter o avanço do tráfico e seu impacto na segurança global.
Origem: Nações Unidas