A dívida pública global atingiu a marca alarmante de US$ 102 trilhões no último ano, com cerca de US$ 31 trilhões provenientes de países em desenvolvimento, conforme destacado no novo relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). Este aumento significativo acompanha gastos recordes com juros, que somaram US$ 921 bilhões, pressionando orçamentos já fragilizados e colocando em risco serviços públicos essenciais.
O documento, intitulado “Um mundo endividado. É hora de reformar”, alerta que, apesar da dívida poder ser uma ferramenta para financiar infraestrutura e promover o desenvolvimento, um endividamento excessivo pode inibir o crescimento econômico e comprometer o progresso. Os dados revelam que regiões como Ásia e Oceania concentram 24% da dívida global, seguidas pela América Latina e Caribe com 5%, e pela África com 2%.
A situação se agrava, pois países em desenvolvimento estão contraindo empréstimos com taxas de juros de duas a quatro vezes maiores do que as oferecidas nos Estados Unidos desde 2020. Para 2023, estima-se que essas nações desembolsaram US$ 487 bilhões a credores internacionais, com muitas gastando uma parte significativa de suas receitas de exportação apenas para quitar dívidas externas.
O relatório da Unctad aponta ainda que 61 economias em desenvolvimento destinaram mais de 10% de suas receitas governamentais para o pagamento de juros, limitando recursos disponíveis para áreas vitais como saúde e educação. Atualmente, cerca de 3,4 bilhões de pessoas residem em países onde os gastos com juros superam os investimentos em saúde.
Para enfrentar essa crise, a Unctad sugere uma reforma da governança econômica internacional, tornando-a mais inclusiva, além de facilitar o acesso à liquidez em períodos de crise e aprimorar o sistema de dívida global. Essas mudanças são vistas como essenciais para garantir um futuro mais viável e sustentável em um contexto de crescente endividamento.
Origem: Nações Unidas