Um estudo recente desenvolvido pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) indica uma drástica diminuição na prática de episiotomias em hospitais públicos em Portugal, reduzindo-se de 60% em 2013 para apenas 21% em 2022. A episiotomia, um procedimento que envolve cortes na área vaginal para facilitar o parto, tem sido alvo de debate considerável, pois sua utilização rotineira não é recomendada por organizações de saúde.
Publicado na revista International Journal of Gynecology and Obstetrics, o estudo analisou dados oficiais de todos os hospitais públicos, revelando que a taxa de episiotomias em partos vaginais não instrumentados caiu de 63% para 21% neste período. No entanto, esta redução foi acompanhada por um aumento de lesões mais graves, com lacerações perineais profundas, que passaram de 0,15% para 0,31%, sugerindo que a escolha de realizar uma episiotomia deve ser cuidadosamente considerada.
Os pesquisadores sublinham que essa mudança na prática reflete uma evolução cultural entre os profissionais de saúde, alinhando-se com as diretrizes internacionais que advogam pelo uso restrito e individualizado do procedimento. A episiotomia já vinha sendo contestada desde os anos 1980, com um crescimento do debate público após uma petição que alertou sobre práticas obstétricas inadequadas, levando à promulgação de uma nova lei em março de 2025 que penaliza episiotomias sem justificativa.
Em 2023, novas recomendações foram estabelecidas, restringindo ainda mais a realização de episiotomias, que devem ocorrer somente em casos de sofrimento fetal ou risco iminente de laceração. O estudo enfatiza a importância da formação contínua dos profissionais que assistem ao parto, garantindo cuidados respeitosos e seguros para as pacientes. No contexto da FMUP, há um contínuo investimento na formação de estudantes e profissionais de saúde, com ênfase em técnicas de proteção do períneo. A pesquisa foi conduzida por uma equipe composta por vários especialistas da FMUP e instituições parceiras.
Origem: Universidade do Porto

