A violência contra as mulheres continua a ser uma questão alarmante que afeta milhões de vidas em todo o mundo, conforme evidenciado em um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e parceiros da ONU. O estudo revela que, globalmente, uma em cada três mulheres, totalizando aproximadamente 840 milhões, já sofreu violência física ou sexual em algum momento da vida. No último ano, 316 milhões de mulheres relataram ter sido vítimas de violência perpetrada por parceiros íntimos.
Com a inclusão, pela primeira vez, de estimativas sobre a violência sexual cometida por não parceiros, o relatório destaca que 263 milhões de mulheres enfrentaram tais agressões desde os 15 anos de idade, embora os especialistas advirtam que esses números podem ser subestimados devido ao estigma e ao medo de denúncias. Os dados, coletados entre 2000 e 2023 em 168 países, revelam uma crise estrutural acentuada por vulnerabilidades ligadas à instabilidade, desigualdade e evolução tecnológica.
Os recursos destinados à prevenção da violência têm diminuído drasticamente, com apenas 0,2% da ajuda ao desenvolvimento global em 2022 sendo alocada para essa área. Esse cenário se agravou ainda mais neste ano, colocando pressão adicional sobre iniciativas já fragilizadas. Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, comentou que a violência contra mulheres permanece uma das injustiças mais ignoradas da humanidade, ressaltando que cada estatística representa uma mulher ou menina que teve sua vida profundamente afetada.
O relatório também revela que as consequências da violência são duradouras, pois as sobreviventes enfrentam riscos elevados de gravidez não planejada, infecções sexualmente transmissíveis e problemas de saúde mental, como a depressão. Além disso, a violência muitas vezes acomete jovens, com 12,5 milhões de adolescentes entre 15 e 19 anos sendo vítimas no último ano.
No contexto dos países de língua portuguesa, Timor-Leste apresenta uma das mais altas taxas de violência por parceiros, com 41,7%. Outros países, como Angola e São Tomé e Príncipe, também registram porcentagens elevadas. Em contrapartida, Portugal apresenta números mais baixos nessa classificação. Apesar dos desafios enfrentados, o relatório aponta que há exemplos de progresso através de compromissos políticos e investimentos, como os projetos implementados pelo Camboja e planos lançados em países como Equador e Uganda, que demonstram a possibilidade de mudanças significativas.
Para acelerar o avanço no combate à violência contra mulheres e meninas, o relatório faz um apelo por ações imediatas, incluindo a expansão de programas preventivos, o fortalecimento de serviços de saúde e apoio social, e a aplicação efetiva de leis que assegurem os direitos das mulheres. As agências da ONU enfatizam que é crucial que os líderes mundiais se comprometam e tomem medidas efetivas para erradicar essa violência persistente.
Origem: Nações Unidas






