A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) divulgou um novo guia prático que visa melhorar o atendimento nas unidades de saúde primária nas Américas. Publicado no prestigiado boletim médico The Lancet, o Quadro de Qualidade Hearts traz diretrizes que os países da região podem adotar imediatamente com o objetivo de prevenir ataques cardíacos e Acidente Vascular Cerebral (AVC). O foco da iniciativa está na hipertensão, frequentemente chamada de “assassino silencioso”, que é considerada uma das principais causas de morte nas Américas.
Dados alarmantes indicam que mais de 2,2 milhões de vidas são impactadas anualmente por doenças cardíacas e AVCs, afetando especialmente pessoas em idade produtiva. A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco cardiovascular, com quase 40% da população adulta da região enfrentando essa condição. Apesar da disponibilidade de tratamentos eficazes, apenas um terço das pessoas que sofrem de hipertensão consegue manter a doença sob controle.
O diretor da Opas, Jarbas Barbosa, enfatizou que a hipertensão representa uma ameaça significativa à saúde global, mas que sua gestão é possível. O novo quadro não se limita a ser um documento político, mas sim um manual prático que já demonstra eficácia em diversas clínicas de saúde comunitárias. O guia, fundamentado em experiências de sucesso, oferece um plano para superar desafios comuns, como medições imprecisas da pressão arterial e a falta de acesso a medicamentos essenciais.
Entre as principais recomendações do Quadro de Qualidade Hearts estão a introdução de monitores de pressão arterial automatizados, a garantia de suprimento contínuo de medicamentos a preços acessíveis e a capacitação dos enfermeiros para ajustes nas dosagens. O programa já está ativo em 33 países, abrangendo aproximadamente 10 mil unidades de saúde.
Resultados positivos já foram observados em várias localidades. Em Matanzas, Cuba, a taxa de hipertensão controlada aumentou de 36% para 58% em um ano. No Chile, a adesão aos tratamentos subiu de 37% para 65%, com a expectativa de que a metodologia implemente melhorias significativas no controle da pressão arterial em pacientes. A Opas estima que a implementação total do sistema poderia evitar mais de 400 mil mortes e 2,4 milhões de hospitalizações nas Américas até 2030.
Origem: Nações Unidas





