Madrid sediou almoço pré-Big Data & AI World Spain, onde especialistas pedem responsabilidade e formação
Em um momento decisivo para a transformação digital das organizações, a Inteligência Artificial (IA) se destaca como uma força transformadora nos processos de negócios, desafiando não apenas a tecnologia, mas também a liderança. Este cenário foi discutido durante um almoço realizado nesta terça-feira no Club Financiero Génova, promovido pela CloserStill Media como uma antesala para o Big Data & AI World Spain 2025, programado para os dias 29 e 30 de outubro durante o Tech Show Madrid.
O evento reuniu figuras proeminentes do ecossistema de Big Data e IA na Espanha, proporcionando um espaço de debate sobre o papel real da IA na tomada de decisões e na liderança empresarial. Os participantes concordaram que o progresso tecnológico deve ser acompanhado de julgamento humano, ética e adaptabilidade.
"A coragem empresarial fará a diferença"
Um dos pontos cruciais do encontro foi a declaração de José Ruiz Cristina, diretor de desenvolvimento de negócios na Paradigma Digital, que enfatizou a necessidade de uma mudança de mentalidade:
"A coragem é necessária para tomar decisões que, em muitos casos, serão difíceis", afirmou. "No mundo da consultoria, é fácil optar pelo caminho confortável, mas devemos romper com o estabelecido e atrever-nos a mudar".
Ruiz destacou que as empresas que sobreviverão serão aquelas capazes de questionar seus próprios métodos e adotar uma cultura de mudança contínua.
IA como uma executora brilhante, mas não como decisora única
A discussão sobre se as máquinas podem ou devem assumir decisões estratégicas foi central. Paulo Dias, responsável pelo desenvolvimento de negócios internacionais na Intelequia, fez uma reflexão clara:
"Não é que estejamos prontos para delegar decisões à IA; queremos fazê-lo. Mas, mesmo assim, o critério humano continua sendo indispensável".
Dias ressaltou que, embora a IA possa analisar grandes volumes de dados e oferecer soluções viáveis, a complexidade dos problemas reais exige interpretação e sensibilidade contextual.
"Um problema pode ter dez soluções. A IA pode sugerir uma, mas escolher a mais adequada para cada situação exige julgamento humano", acrescentou.
Formação e pensamento crítico: chaves para a liderança
A conversa também abordou a preparação dos líderes empresariais para essa nova era. Paulo Dias afirmou que a IA não é uma ameaça, mas uma ferramenta para expandir horizontes:
"A IA nos permite considerar opções que não teríamos pensado. Mas o papel do líder é analisar, avaliar e decidir. Não vemos a IA como concorrência, mas como um complemento útil", concluiu.
Rafael Calvo, diretor de vendas para a Europa do Sul na Bravent, fez uma distinção entre a IA de consumo e a empresarial. Ao contrário da confiança dos usuários em assistentes virtuais no dia a dia, ele afirmou que no setor corporativo a IA deve ser um “conselheiro experto”:
"A IA empresarial deve fornecer informações relevantes, mas as decisões estratégicas ainda são humanas. É crucial ter uma pessoa por trás da máquina", destacou.
Calvo insistiu que os líderes devem entender a tecnologia, não apenas para adotá-la, mas para aplicá-la de forma responsável.
"É fundamental que os líderes compreendam o que é a IA, quais benefícios ela oferece e como pode ajudar na tomada de decisões para promover um retorno positivo aos negócios".
Rumo ao Big Data & AI World Spain 2025
O almoço foi um ponto de partida para os debates que ocorrerão na edição de 2025 do Big Data & AI World Spain, o principal evento nacional do setor. As pautas incluirão temas como desenvolvimento de modelos de IA generativa, gestão ética de dados, regulamentação europeia e o impacto da IA no emprego e na cultura organizacional.
O encontro proporcionou uma visão clara do momento de transformação que as organizações espanholas estão vivendo, cada vez mais cientes de que a adoção de IA não é apenas uma questão tecnológica, mas também de liderança e visão de longo prazo.