Em um cenário alarmante, a Amazônia brasileira perdeu 21% de sua cobertura florestal nos últimos 40 anos, e especialistas alertam que, se a degradação ultrapassar 25%, a floresta poderá se transformar em savana, com repercussões devastadoras tanto para o Brasil quanto para o planeta. O combate ao desmatamento ilegal se torna, assim, uma prioridade inadiável, especialmente em um bioma que excede a área da Europa Ocidental.
Uma iniciativa inovadora liderada pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) está mostrando que a tecnologia pode ser uma aliada no monitoramento e na previsão de crimes ambientais. O Imazon foi laureado em 2025 com o prêmio “Campeões da Terra” na categoria ciência e inovação, sendo a primeira instituição brasileira a receber tal reconhecimento. O co-fundador Beto Veríssimo destacou a importância deste prêmio e a utilização de imagens de satélite e modelos preditivos baseados em inteligência artificial para analisar as dinâmicas de desmatamento.
Desde 2007, o Imazon tem monitorado a perda da floresta a cada dois dias, utilizando dados que agora são aprimorados através de algoritmos de IA, resultando em previsões mais precisas sobre desmatamento futuro. Em 2021, a instituição desempenhou um papel crucial ao identificar 99% dos casos de desmatamento ilegal, o que ajudou a preservar 71% de 15 mil km² de áreas florestais de alto risco.
Enquanto os dados revelam que 90% das atividades de desmatamento são ilegais, Veríssimo ressaltou que a proteção da Amazônia é vital para a economia brasileira, dado seu papel central na regulação do clima e no abastecimento hídrico em diversas regiões do país. A floresta não é apenas um ecossistema, mas uma infraestrutura essencial que sustenta recursos hídricos e agrícolas.
Embora o desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, Veríssimo argumenta que a meta deve ser reduzir esse número para menos de 3 mil km² até 2030. O Imazon planeja expandir seus esforços de monitoramento para incluir a extração de madeira e o uso da água, preparando-se para enfrentar novos desafios climáticos. O modelo de previsão desenvolvida pela instituição também poderá ser aplicado para antecipar eventos climáticos extremos, como incêndios florestais, em um contexto onde as mudanças climáticas ameaçam a integridade da Amazônia.
Origem: Nações Unidas






