Um grupo de trabalho formado por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS-UP) e da Unidade Local de Santo António desenvolveu um programa de reabilitação física ao domicílio, que visa aliviar as dificuldades de acesso ao tratamento por parte de doentes cardíacos. Em Portugal, aproximadamente 700 mil pessoas são afetadas pela insuficiência cardíaca, uma condição que atinge principalmente a população acima dos 65 anos e cuja prevalência tende a aumentar com o envelhecimento.
O cardiologista Mário Santos, um dos responsáveis pelo estudo, explica que as opções de tratamento atuais incluem medicamentos, dispositivos médicos e a reabilitação cardíaca, uma abordagem multidisciplinar focada no exercício físico. Recentemente, um artigo publicado no Journal of the American College of Cardiology: Heart Failure analisou a eficácia de um programa de reabilitação clássica em comparação a um plano domiciliário adaptado.
Os resultados foram promissores: após 12 semanas, tanto os pacientes tratados em casa quanto os que frequentaram o hospital apresentaram resultados semelhantes em termos de qualidade de vida e capacidade funcional. Santos ressalta que isso abre possibilidades para que a terapia seja realizada sem a necessidade de deslocamento ao hospital, desde que os pacientes sejam avaliados previamente.
Num contexto onde o acesso a programas de reabilitação cardíaca é restringido por vários fatores, a implementação de tratamentos domiciliários se mostra vital, especialmente para aqueles em situações socioeconômicas mais vulneráveis. O projeto levou em consideração as condições da vida real dos pacientes, utilizando ferramentas simples como um cardiofrequencímetro básico e chamadas semanais de acompanhamento.
A pesquisa, resultante de uma colaboração entre a Universidade do Porto e a Universidade de Aveiro, sugere que a prescrição de exercícios foi adaptada à gravidade da condição dos pacientes, o que contribuiu para melhorias significativas em suas qualidades de vida e na redução das internações hospitalares. A metodologia desenvolvida pode ser replicada e adaptada por outros hospitais em todo o país, ampliando o acesso a esse importante tratamento.
Origem: Universidade do Porto