O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo forte para que a África assuma um papel central como “potência de energia limpa do mundo”. Em seu discurso durante a abertura do Diálogo Político de Alto Nível da Série de Diálogos sobre a África de 2025, Guterres destacou a importância de se garantir justiça para os africanos e descendentes de africanos por meio de reparações.
Ele argumentou que a exploração histórica dos recursos naturais do continente, que muitas vezes alimenta conflitos e miséria, precisa ter um fim. Guterres lembrou que a África detém 60% dos melhores recursos solares do planeta e cerca de um terço dos minerais essenciais para a transição energética, embora tenha apenas 1,5% da capacidade solar instalada globalmente, com 600 milhões de africanos ainda sem acesso à eletricidade.
O secretário-geral também expressou preocupação com o fato de que as comunidades africanas estão sendo marginalizadas, “empurradas para o fundo da cadeia de valor” enquanto outros se beneficiam de seus recursos. Ele pediu que países e empresas implementem as recomendações do Painel da ONU sobre Minerais Críticos para a Transição Energética, enfatizando a necessidade de direitos humanos e justiça em toda a cadeia produtiva, visando maximizar os benefícios para os africanos.
Guterres ainda lembrou que as injustiças históricas causadas pela escravidão e colonialismo não foram devidamente resolvidas e continuam a impactar o continente até hoje. Para ele, as medidas de justiça reparatória são essenciais para corrigir esses erros e garantir os direitos e a dignidade de todas as pessoas.
Ele defendeu que a comunidade internacional deve agir com “honestidade e justiça” para transformar o legado do colonialismo em parcerias respeitosas e igualitárias, permitindo que as nações africanas tenham voz nas decisões globais e que todos os africanos, incluindo aqueles na diáspora, tenham oportunidades de prosperar.
Além disso, Guterres frisou a necessidade de uma representação justa nas instituições internacionais e um compromisso significativo em relação às dívidas externas dos países africanos, visando facilitar empréstimos e evitar futuras crises econômicas. As declarações refletem a urgência de uma mudança significativa na abordagem global em relação à África, à luz dos desafios atuais e históricos enfrentados pelo continente.
Origem: Nações Unidas