A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) revelou, em seu mais recente relatório, que alimentar uma população mundial de até 10 bilhões de pessoas em 2050 exigirá profundas mudanças nas práticas agrícolas atuais. O documento, intitulado “Estado dos Recursos Mundiais de Terra e Água para Alimentação e Agricultura”, destaca a necessidade urgente de uma abordagem mais eficiente na gestão de recursos naturais, como terra e água, dado que os métodos atuais já não são sustentáveis.
Nos últimos 60 anos, a produção agrícola global triplicou, mas esse crescimento teve um custo ambiental elevado. De acordo com a FAO, mais de 60% da degradação da terra causada por atividades humanas ocorre em áreas agrícolas, e simplesmente expandir essas áreas para atender à demanda futura não é uma estratégia viável. O cenário se agrava com a alarmante estatística de que, em 2024, cerca de 673 milhões de pessoas enfrentaram a fome, índice que deve crescer à medida que a população se aproxima de 9,7 bilhões.
O relatório aponta que, para atender a essa crescente demanda, a agricultura terá que aumentar a produção de alimentos em 50% em relação a 2012 e necessitará de 25% a mais de água doce. A FAO também sugere que a solução para esses desafios deve vir de sistemas agrícolas mais eficientes, ao invés de uma mera ampliação da área cultivada. A proposta inclui a redução dos hiatos de produtividade, a diversificação das culturas e a implementação de práticas sustentáveis adaptadas a diferentes condições agroecológicas.
Das soluções apresentadas, destaca-se o fortalecimento da agricultura de sequeiro, que é vital para milhões de pequenos agricultores. Medidas como a conservação de água no solo e o uso de variedades de culturas mais resistentes à seca são fundamentais para garantir a segurança alimentar. Além disso, a FAO enfatiza o potencial de sistemas integrados, como a agrofloresta e a combinação de culturas, que podem levar a aumentos significativos na produtividade, especialmente em regiões em desenvolvimento.
Com o impacto das alterações climáticas afetando a produção agrícola, o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, enfatiza a urgência de decisões que moldem a gestão de recursos hídricos e de solo. Ele adverte que as escolhas feitas hoje terão repercussões significativas sobre a capacidade de atender às futuras demandas alimentares, ao mesmo tempo em que preservam os recursos para as próximas gerações.
Em 2026, as convenções internacionais sobre Biodiversidade, Desertificação e Alterações Climáticas realizarão conferências de alto nível para discutir recomendações que abordem a gestão integrada de recursos naturais. A FAO destaca que a proteção desses recursos é essencial para assegurar a segurança alimentar, o bem-estar humano e o progresso rumo aos objetivos globais de sustentabilidade.
Origem: Nações Unidas




