O gigante suíço do comércio eletrônico Galaxus, conhecido por sua plataforma Digitec, decidiu deixar de lado a dependência de grandes fornecedores de redes e serviços gerenciados. Em um movimento ousado, a empresa optou por construir sua própria infraestrutura de rede com base exclusivamente em tecnologias de código aberto, evitando assim custos com licenças e contratos rígidos.
Com essa nova abordagem, Galaxus implementou uma arquitetura que já está em operação, conectando cerca de 30 localizações — incluindo armazéns, lojas e escritórios — através de túneis criptografados em uma rede peer-to-peer. O mais impressionante é que toda essa infraestrutura é gerida diretamente pela equipe de engenharia da empresa, sem intermediários.
Durante anos, a Galaxus havia seguido os padrões da indústria, utilizando serviços de nuvem públicos que frequentemente apresentavam limitações e custos crescentes, além de hardware proprietário que exigia renovações de licenças. Essa dependência tornava a empresa menos ágil e tornava projetos que deveriam ser concluídos em semanas orçados em anos.
Diante desse dilema, a equipe interna de infraestrutura, chamada Planet Express, decidiu questionar a validade do modelo de negócios que dependia de contratos fechados e hardware proprietários. A conclusão foi clara: era necessário um novo design de rede.
O projeto de infraestrutura foi desenvolvido nos últimos dois anos e abrange um conjunto de tecnologias reconhecidas pela comunidade de desenvolvedores e administradores de sistemas. Os pontos de presença nas sedes são formados por computadores pequenos e poderosos, capazes de operar a altas velocidades sem a necessidade de roteadores caros.
Além disso, a Galaxus adotou métodos de virtualização para gerenciar suas operações e implementou uma rede virtual privada (VPN) que utiliza o Tailscale para estabelecer conexões seguras entre localidades. O uso do Headscale, uma plataforma autogerida compatível com o Tailscale, permite total controle sobre a rede sem depender de serviços externos.
Essa nova estrutura não é apenas uma questão de eficiência operacional; representa uma mudança significativa na maneira como a Galaxus lida com sua estratégia digital. A empresa agora tem a liberdade de mover cargas de trabalho entre diferentes provedores de serviço para otimizar custos e melhorar a agilidade.
Com essa nova autonomia, a Galaxus espera não apenas reduzir a dependência de fornecedores externos, mas também se posicionar de maneira mais forte em negociações e aumentar a transparência em suas operações. A empresa também divulgou seu framework Ansible para o OpenWRT no GitHub, convidando outras equipes a colaborar e melhorar a solução.
Esse movimento da Galaxus reflete uma crescente busca por soberania digital no ambiente corporativo, onde as organizações desejam retomar o controle total sobre suas infraestruturas tecnológicas, evitando assim os riscos associados a contratos de longa duração e hardware fechado. A Galaxus se torna, portanto, um exemplo de como as empresas podem se tornar mais independentes e eficientes, aproveitando as vantagens das tecnologias de código aberto.






