O avanço da degradação ambiental continua a ser uma das maiores preocupações globais, resultando em milhões de mortes anualmente e prejuízos que alcançam trilhões de dólares. A 7ª edição do relatório Visão Global do Meio Ambiente, elaborada por uma equipe de 287 cientistas de 82 países, expõe a fragilidade do atual modelo de desenvolvimento, argumentando que ele está sobrecarregando não apenas o planeta, mas também as economias e as vidas das pessoas.
O estudo, divulgado recentemente pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), revela que os eventos climáticos extremos dos últimos 20 anos têm um custo estimado de US$ 143 bilhões por ano. Além disso, a poluição do ar causou um prejuízo colossal de US$ 8,1 trilhões em 2019, representando cerca de 6,1% do Produto Interno Bruto global. Essas consequências são notáveis especialmente em países de língua portuguesa, como o Brasil, onde o aumento do desmatamento está diretamente ligado à intensificação de incêndios florestais na Amazônia, elevando em 39% o seu número entre 2012 e 2019 e deteriorando a qualidade do ar na América do Sul.
Não só a Amazônia é afetada por tais problemas; a poluição por plásticos também representa uma grande ameaça. A pesquisa identificou uma alarmante quantidade de microplásticos, chegando a 74,5 mil partículas por litro em corpos d’água da Amazônia. No nordeste e sudeste do Brasil, a mineração impacta mais de 30% dos habitats de aves e anfíbios, colocando em risco a biodiversidade já ameaçada.
Em Portugal, a sobrepesca é uma preocupação crescente, com mais de 37% dos estoques pesqueiros considerados sobreexplorados. As projeções indicam uma queda na produção global de peixes até 2100, afetando imediatamente aqueles países que dependem da pesca como fonte primária de proteína. Além disso, os incêndios florestais de 2024 resultaram na perda significativa da floresta de Laurisilva da Madeira, um patrimônio vital da União Europeia.
Na África, a situação é igualmente alarmante. O aumento da temperatura dos oceanos já levou a uma duplicação na incidência de ciclones em Moçambique desde a década de 1970, exacerbando problemas de disponibilidade de água, afetando a produção de alimentos e aumentando os custos da eletricidade em países que dependem de usinas hidrelétricas, como Moçambique e Zâmbia.
Diante desse cenário desolador, o relatório sugere que a transição para um modelo de desenvolvimento mais sustentável pode oferecer não apenas um caminho para mitigar esses impactos, mas também gerar ganhos econômicos significativos. A previsão é de que, até 2070, essa transformação possa trazer benefícios de até US$ 20 trilhões por ano. Os especialistas enfatizam a necessidade urgente de proceder com mudanças profundas em áreas essenciais como finanças, gestão de resíduos, energia, sistemas alimentares e práticas ambientais.
Origem: Nações Unidas






