Malásia Registra Aumento de 3.400% nas Importações de GPUs, Levantando Suspeitas de Mercado Cinza
O surpreendente aumento de 3.400% nas importações de unidades de processamento gráfico (GPUs) por parte da Malásia chamou a atenção de autoridades em Washington e outras capitais ocidentais. Somente em abril de 2025, o país do sudeste asiático importou placas gráficas no valor de 2,74 bilhões de dólares, em grande parte provenientes de Taiwan. Esse fenômeno levanta preocupações sobre a possível existência de um “mercado cinza” que permite à China acessar tecnologias avançadas, apesar das sanções comerciais impostas pelos Estados Unidos.
Desde o início do ano, a tendência de importações anormais que quebram o histórico de estabilidade dos últimos anos foi observada. Esse desvio coincide com o endurecimento das restrições norte-americanas às exportações de chips avançados, especialmente aqueles voltados para inteligência artificial, para o gigante asiático.
Estratégia Nacional ou Evasão Comercial?
A Malásia pode justificar oficialmente essas grandes aquisições como parte de um esforço nacional para fortalecer sua infraestrutura de nuvem e promover a adoção de inteligência artificial. Porém, as dimensões da operação e sua sincronia com a nova Norma de Difusão de IA, que entrará em vigor em 15 de maio, alimentam diversas especulações.
Essa norma, criada pela administração Biden, visa impedir que tecnologias de duplo uso chega a países adversários como China e Rússia. Nesse contexto, o papel de países intermediários se torna crucial, pois o que a Malásia acumula para uso interno pode também ser redirecionado, burlando os bloqueios através de canais secundários difíceis de rastrear.
Histórico de Práticas de Evasão
Tais práticas não são novidade. No passado, a Rússia conseguiu manter o acesso a hardware ocidental através de nações interpostas. Autoridades norte-americanas reconhecem as dificuldades em identificar com precisão quais países estão atuando como portas de entrada encobertas.
Novas Medidas em Resposta às Tensões
Diante dessas tensões, os Estados Unidos estão considerando medidas cada vez mais sofisticadas. Existe a possibilidade de integrar mecanismos de rastreamento geográfico e até de desativação remota em chips produzidos por empresas como a NVIDIA. O objetivo é evitar que GPUs de alta performance sejam utilizadas em centros de dados chineses para desenvolver modelos de IA com fins militares ou estratégicos.
Embora essa tecnologia ainda não esteja plenamente desenvolvida, a ideia circula fortemente entre defensores de uma tática mais agressiva na contenção tecnológica da China.
Reconfiguração do Tabuleiro Geopolítico
A investigação sobre o fluxo inusitado de GPUs para a Malásia promete aumentar nas próximas semanas, especialmente com a aplicação das novas normas. O conflito comercial entre Estados Unidos e China está entrando em uma nova fase, onde o foco não é apenas a imposição de sanções diretas, mas também o controle da distribuição de hardware avançado em um mundo cada vez mais globalizado.
Com as GPUs se tornando um recurso crítico para o desenvolvimento de inteligência artificial, sua distribuição transforma-se em uma questão estratégica. Nesse xadrez tecnológico, países como a Malásia podem encontrar-se em uma posição delicada entre ambições industriais e pressões diplomáticas.