Os avanços em tecnologia financeira estão revolucionando o panorama econômico mundial, e a Espanha não fica para trás. A chegada da tecnologia blockchain e a popularização das criptomoedas criaram um novo paradigma financeiro que permite a tokenização de ativos e direitos. Este processo converte ativos físicos e financeiros em tokens digitais que podem ser negociados em plataformas digitais, marcando uma evolução na forma como os bens são geridos e comercializados.
A tokenização, que refere-se especificamente à representação digital de ativos do mundo real, abre a possibilidade de comercializar uma ampla variedade de bens, desde imóveis e obras de arte até instrumentos financeiros e direitos de propriedade intelectual. A capacidade de negociar esses ativos em bolsas de valores digitais promete aumentar a liquidez e a acessibilidade do mercado financeiro.
Nesse contexto, a União Europeia implementou regulações para estruturar esse novo ecossistema. A lei de “Mercados de Criptoativos” (MiCA) e o Regime Piloto de DLT são duas iniciativas-chave que buscam promover a segurança e a efetividade na comercialização de ativos tokenizados. MiCA se concentra na proteção dos investidores e na segurança jurídica para emissores e prestadores de serviços, enquanto o Regime Piloto permite a experimentação controlada com instrumentos financeiros baseados em blockchain.
Recentemente, a Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) da Espanha deu um passo significativo ao aprovar a primeira emissão tokenizada no país, permitindo que uma empresa lançasse uma Oferta de Tokens de Segurança (STO). Além disso, Ursus-3 Capital foi reconhecida como a primeira “Autoridade de Registro e Conservação de Registros” (ERIR), um papel fundamental para o desenvolvimento regulatório nesse terreno.
Esta nova emissão de dívida tokenizada permitirá a negociação de frações de instrumentos financeiros sob as normas de valores tanto da Espanha quanto da União Europeia. A recente reforma da Lei do Mercado de Valores de 2023 abriu caminho para que esses instrumentos sejam representados em uma blockchain, aproximando o mercado financeiro de um modelo mais inclusivo e dinâmico.
Entre os projetos futuros da CNMV está a tokenização de ações. Este processo tem o potencial de transformar as ações tradicionais em tokens digitais, permitindo que as empresas emitam tokens que representem suas ações. Essas novas ações digitais poderão ser adquiridas utilizando euros, criptomoedas ou ativos digitais, e oferecerão os mesmos direitos que as ações convencionais, como a possibilidade de receber dividendos.
As STO podem ser a chave para democratizar o acesso aos mercados financeiros, estabelecendo uma nova fronteira digital no mundo dos valores tokenizados empresariais. Albert Prat, fundador e assessor da Beself Brands, deixou claro em suas redes sociais que a tokenização de empresas na Espanha está cada vez mais perto e que sua firma já está investigando as aplicações dessas tecnologias.
A Beself Brands, que agrupa várias marcas no âmbito da vida e do lar, poderia se posicionar como a primeira sociedade mercantil a tokenizar suas ações na Espanha. Com marcas como Beeloom, Fitfiu Fitness, Greencut, Mc Haus e Playkin sob sua ala, a empresa se prepara para contribuir para a transformação do acesso aos mercados financeiros no país. Este avanço levanta uma questão crucial: será a tokenização a chave para democratizar a participação nos mercados financeiros?