A América Latina e o Caribe enfrentam um grave problema de maternidade precoce, com uma adolescente dando à luz a cada 20 segundos na região, segundo um novo relatório do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa). O estudo, que aborda as consequências socioeconômicas da gravidez em adolescentes, revela que 15 países da região enfrentam um custo anual de aproximadamente US$ 15,3 bilhões, o que representa cerca de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) dessas nações. Esse valor, no entanto, triplica em países como Suriname e Panamá.
A diretora regional do Unfpa, Susana Sottoli, descreve a situação como um “grito de alarme sobre uma crise silenciosa que mina o futuro da América Latina e do Caribe”. O relatório destaca que a gravidez na adolescência não apenas interrompe os sonhos e a educação das jovens, mas também perpetua um ciclo de pobreza e desigualdade. Apesar de o Estado arcar com uma parte considerável das despesas relacionadas a esses casos, 88,2% do custo é suportado pelas adolescentes.
Entre as principais causas da gravidez precoce estão as uniões precoces e a violência sexual, especialmente entre meninas menores de 15 anos. O relatório revela que as taxas de fecundidade em adolescentes aumentaram em áreas rurais e entre populações mais vulneráveis, como indígenas e afrodescendentes. Com a pandemia de Covid-19, o ritmo de redução das taxas de fecundidade diminuiu, e a América Latina se tornou a região com a segunda maior taxa de fecundidade adolescente do mundo, atrás apenas da África Subsaariana.
O Unfpa propõe uma série de medidas para enfrentar o problema, como garantir acesso a informações sobre saúde sexual e reprodutiva, criar legislações que proíbam o casamento infantil e promover a autonomia das adolescentes. Além disso, a agência enfatiza que investir US$ 1,8 bilhão pode levar à redução da taxa de fecundidade em 36% nas comunidades mais vulneráveis até o próximo ano. A cada dólar investido na prevenção da gravidez na adolescência, espera-se um retorno de até US$ 40, dependendo do país, evidenciando a urgência de uma abordagem mais eficaz para lidar com essa questão crítica.
Origem: Nações Unidas