A situação no leste da República Democrática do Congo (RD Congo) continua a se deteriorar, levantando diversas preocupações em relação à segurança dos defensores dos direitos humanos na região. A relatora especial da ONU sobre a Situação dos Defensores dos Direitos Humanos, Mary Lawlor, alerta que esses profissionais estão enfrentando “risco extremo” e necessitam de assistência imediata, incluindo apoio para realocação temporária junto com suas famílias.
Desde que o grupo armado M23, com suposto apoio de Ruanda, intensificou suas ações em janeiro, tomando controle de várias cidades, aqueles que documentam e denunciam as violações cometidas pelo grupo se tornaram alvos diretos. Lawlor relatou que recebeu um número crescente de pedidos de ajuda nas últimas semanas, demonstrando a gravidade da situação. Os ativistas vivem sob constante temor, com relatos de listas de defensores dos direitos humanos elaboradas pelos combatentes do M23 para prisões em áreas sob seu domínio.
Estudos indicam que vários defensores foram detidos, mantidos incomunicáveis, e que outros desapareceram, especialmente em localidades como Rutshuru e Masisi, em Kivu do Norte. Em Goma, pelo menos seis defensores estão desaparecidos após tentativas de fuga, o que evidencia a vulnerabilidade extrema em que se encontram.
Mary Lawlor destacou que muitos desses ativistas foram forçados a abandonar suas casas, enquanto aqueles que buscam abrigo em outras cidades enfrentam a escassez de recursos. Aqueles que permanecem em regiões dominadas pelos rebeldes vivem escondidos, temendo por suas vidas. A situação é ainda mais alarmante com a soltura de criminosos violentos, que se aproveitaram das fugas em massa das prisões de Goma e agora ameaçam defensores que prestaram apoio às vítimas de violação de direitos humanos.
A relatora também enfatizou o grave risco de violência sexual que as mulheres defensoras enfrentam, ressaltando que as agressões são cada vez mais comuns nesta região, afetando negativamente aquelas que se tornam visíveis por suas denúncias.
Diante dessa crise, Lawlor fez um apelo à comunidade internacional para assumir uma responsabilidade coletiva, buscando formas rápidas de assistência aos defensores e prevenindo uma piora na situação.
Origem: Nações Unidas