No cenário atual do mercado de trabalho, o modelo híbrido está se consolidando como uma norma, à medida que cresce o número de empregados que rejeitam o retorno total aos escritórios. Um novo levantamento revela que 61% dos trabalhadores americanos que atuam remotamente ou em formato híbrido não aceitam voltar ao escritório cinco dias por semana. O dado alarmante é que cerca de 30% dos entrevistados considerariam pedir demissão caso suas empresas insistam nesse retorno.
Estudos, como o divulgado pela Bloomberg e corroborado por empresas de recursos humanos como FlexJobs e Gallup, mostram que a pandemia alterou profundamente as expectativas dos funcionários sobre o trabalho. Muitas pessoas experimentaram, pela primeira vez, os benefícios do trabalho remoto, como a redução de deslocamentos e uma melhor conciliação entre a vida profissional e pessoal. “A flexibilidade se tornou uma exigência, não um benefício”, afirmou Sara Sutton, CEO da FlexJobs.
Embora grandes corporações, como Amazon e Google, estejam tentando forçar o retorno aos escritórios, essas decisões têm gerado resistência. No caso da Amazon, mais de 30.000 funcionários assinaram uma carta aberta em 2023 contra essa obrigatoriedade, argumentando que isso comprometeria a inovação.
Por outro lado, empresas que mantêm políticas flexíveis, como Dropbox e GitLab, estão se destacando na batalha por talentos, particularmente entre profissionais tecnológicos que valorizam autonomia e confiança. Um estudo da McKinsey indica que modelos híbridos estão relacionados a taxas menores de rotatividade, enquanto a imposição de retorno ao escritório pode aumentar a fuga de talentos em até 20%.
Os especialistas ressaltam que a questão vai além do teletrabalho; trata-se da sensação de controle e confiança dos empregados. Forçar o retorno sem uma justificativa clara pode criar desconfiança e desmotivação. “Organizações que não reconhecerem essa realidade arriscam perder seus melhores talentos”, alerta Brian Kropp, analista da Gartner.
Assim, o modelo híbrido, que propõe uma combinação de dias presenciais e remotos, aparece como a solução preferida tanto para empresas quanto para empregados. A chave para isso está em um certo grau de escolha pessoal, respeitando as especificidades de cada tarefa. No atual cenário competitivo, ignorar as demandas dos trabalhadores pode custar caro para as empresas.