A violência perpetrada por grupos não-estatais armados e organizações criminosas na Colômbia continua a comprometer gravemente a vida de milhares de cidadãos e a desestabilizar comunidades inteiras. Um relatório, divulgado na última segunda-feira pelo Escritório da ONU para os Direitos Humanos, em Genebra, aponta que essa situação alarmante não apenas afeta a segurança, mas também destroça o tecido social essencial para a convivência pacífica nas diversas localidades colombianas.
Os dados apresentados no relatório de 2024 revelam que esses grupos armados têm utilizado a violência como ferramenta para dominar populações e expandir suas atividades econômicas, o que resulta em uma erosão severa da governança local. A ameaça não é sentida apenas nas áreas urbanas, mas atinge de forma contundente povos indígenas, comunidades afrodescendentes e agricultores, que vivem em situações de vulnerabilidade extrema.
Volker Turk, o alto comissário de direitos humanos, destacou a escalada dos conflitos na região de Catatumbo, onde mais de 52 pessoas perderam a vida desde o início de 2024. Além disso, dezenas de milhares de colombianos foram forçados a abandonar suas casas devido ao confronto armado, uma realidade que revela a fragilidade da proteção oferecida pelo Estado em áreas tacticalmente dominadas por essas organizações.
Em suas declarações, Turk ressaltou a importância de focar na proteção da população durante as negociações entre o governo e os grupos armados. Ele enfatizou que o Estado colombiando possui a capacidade de atuar em todo o território, ainda que a presença de grupos armados represente um desafio significativo.
Outro aspecto preocupante mencionado no relatório é o recrutamento de crianças por grupos armados, com pelo menos 216 menores, muitos deles indígenas, sendo aliciados para as fileiras dessas organizações em 2023. O documento também registrou 252 mortes em 72 massacres ocorridos no mesmo ano, além dos assassinatos de 89 defensores dos direitos humanos.
Turk chamou a atenção para a necessidade urgente de proteger não apenas a vida civil, mas também o meio ambiente na Colômbia, considerando a implementação do Acordo Escazú como um passo fundamental nesse processo. O alto comissário faz um apelo para que o Acordo de Paz de 2016 seja efetivamente aplicado, garantindo a priorização da proteção de civis e o fortalecimento das estruturas de governança em várias regiões afetadas pelo conflito.
Origem: Nações Unidas