O ciclone Jude atingiu Moçambique nas primeiras horas desta segunda-feira, trazendo ventos de até 120 km/h e provocando grandes preocupações entre as autoridades locais e organizações internacionais. A tempestade tropical passou perto da cidade de Nacala, na província de Nampula, causando ventos fortes e chuvas intensas. Em entrevista à ONU News, Guy Taylor, chefe de Comunicação e Parcerias do Unicef no país, alertou para as consequências sombrias, especialmente em relação à saúde pública, com a possibilidade de inundações graves e o surgimento de doenças transmitidas pela água, como cólera e malária, que afetam principalmente crianças.
Este é o terceiro ciclone que atinge Moçambique em quatro meses, seguindo os ciclones Chido e Dikeledi. A previsão é de que Jude traga impactos ainda mais severos, pois está atingindo uma região densamente povoada. As primeiras ações de resposta do Unicef se concentram no restabelecimento de abrigos e na proteção das crianças que possam estar separadas de suas famílias. A continuidade dos serviços básicos, como saúde e distribuição de suprimentos, é uma prioridade.
As inundações já provocaram sérias restrições na infraestrutura, e as dificuldades financeiras enfrentadas pela organização complicam ainda mais a situação. Taylor acrescentou que cerca de 340 mil moçambicanos devem ser “seriamente impactados” pelo ciclone, e até 1 milhão pode enfrentar consequências diretas. Estima-se que cerca de 1,2 mil escolas e 120 unidades de saúde estejam em risco de danos significativos.
Em resposta a essa situação emergencial, o Fundo Central de Resposta a Emergências da ONU destinou US$ 6 milhões para Moçambique, visando minimizar os efeitos da tempestade. Este investimento inclui a preparação de suprimentos para que possam ser distribuídos rapidamente assim que as condições climáticas melhorem. Entretanto, Taylor enfatizou que recursos adicionais são urgentemente necessários para escalar a resposta e garantir a segurança da população.
Além das medidas emergenciais, a importância de investir em infraestrutura resiliente foi destacada. Desde o ciclone Idai, em 2019, o Unicef apoiou a construção de 12 mil salas de aula resistentes ao clima, que permaneceram intactas durante os recentes eventos climáticos adversos. Taylor afirmou que esses investimentos são cruciais para a resiliência da comunidade, destacando que, embora possam ser mais caros a curto prazo, trazem retornos positivos a longo prazo.
Origem: Nações Unidas