O Ministério do Comércio da China anunciou no sábado o início de uma investigação antidiscriminatória contra as medidas dos Estados Unidos direcionadas ao setor de circuitos integrados. A decisão, válida a partir do mesmo dia, representa um novo episódio na escalada tecnológica e comercial entre as duas maiores economias do mundo.
O fundamento legal da investigação reside no fato de que o ministério acumulou indícios preliminares de que as restrições norte-americanas constituem medidas proibitórias e discriminatórias, violando a Lei de Comércio Exterior da China. O processo deverá ter a duração de três meses, com possibilidade de prorrogação em circunstâncias especiais. Dependendo dos resultados, Pequim se reserva o direito de adotar contramedidas proporcionais.
Nos últimos anos, Washington impôs uma série de restrições contra a China na área de semiconductores, que incluem investigações e tarifas adicionais desde 2018, controles de exportação implementados em 2022 e restrições da CHIPS and Science Act. Em maio de 2025, novas proibições foram estabelecidas para o uso de circuitos avançados chineses nos Estados Unidos.
A China condenou essas políticas, alegando que visam conter e suprimir o desenvolvimento das indústrias tecnológicas chinesas, o que prejudica não apenas as empresas locais, mas também a estabilidade global das cadeias de suprimento de semiconductores.
A disputa entre os dois países é parte de uma competição maior pela liderança na indústria de chips e inteligência artificial, considerada estratégica. Os Estados Unidos buscam manter sua vantagem ao limitar o acesso da China a tecnologias de ponta, enquanto a China intensifica seus investimentos na produção nacional de chips.
A investigação cobrirá todos os arancelos e regulamentações aplicados desde 2018, avaliando se essas medidas estão em conformidade com os princípios de comércio justo reconhecidos internacionalmente. Se a discriminação for confirmada, a China pode reagir com represálias comerciais ou novas limitações a empresas americanas em seu mercado.
O desdobramento desse caso será monitorado de perto não apenas em Pequim e Washington, mas também na Europa, Taiwan, Coreia do Sul e Japão, cujos fabricantes de semiconductores dependem da estabilidade da cadeia de valor global.