Em Timor-Leste, a língua portuguesa desempenha um papel vital na identidade nacional e na promoção da diversidade linguística. Ex-colônia de Portugal e sujeita à anexação indonésia nos anos 70, o país restaurou sua independência em 2002, optando pelo português como língua oficial. Essa decisão reflete não apenas uma conexão emocional com a história de luta pela liberdade, mas também uma estratégia geopolítica para distinguir Timor-Leste em meio a potências vizinhas.
Benjamin Corte Real, ex-reitor da Universidade Nacional de Timor-Leste, enfatizou o renascimento do português, que agora ressoa entre a juventude. Cerca de 13 mil alunos estudam integralmente em português através dos Centros de Aprendizagem e Formação Escolar, os Cafes, que operam em todos os municípios do país. A estudante Zélia Marçal, que recentemente conquistou o segundo lugar em uma competição de escrita criativa, destacou o crescente número de jovens que se expressam na língua, refletindo um otimismo sobre o futuro do português.
A cooperação com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (Cplp) tem sido fundamental, com iniciativas que promovem o intercâmbio cultural e a formação de educadores. O projeto Pró-Português, por exemplo, já capacitou quase 5.700 professores em diferentes níveis de proficiência desde 2019. Além disso, um aumento significativo no número de docentes universitários matriculados em cursos de português foi registrado, sugerindo um fortalecimento contínuo do idioma.
Apesar dos avanços, a difusão do português enfrenta desafios dentro de um ambiente multilíngue onde o tétum, o idioma local predominante, e o inglês são fortemente utilizados. O embaixador timorense na ONU, Dionísio Babo Soares, mencionou um aumento no domínio do português, com percentuais subindo de 20% em 2010 para entre 30% e 40% atualmente.
Em um contexto legislativo, a presidente do Parlamento Nacional, Maria Fernanda Lay, planeja aumentar a presença do português nas sessões plenárias, servindo como exemplo para outras instituições. A determinação de incorporar a língua na vida pública é um passo significativo para a consolidação do português como um pilar da identidade timorense.
Com iniciativas educacionais e um retorno à valorização cultural, muitos timorenses veem o português não apenas como um meio de comunicação, mas como “uma língua da alma”, intrinsecamente ligado à expressão de sua identidade e resistência histórica. Nesse Dia da Língua Materna, a celebração do português como forma de expressão e afirmação da história é um sinal esperançoso para o futuro linguístico de Timor-Leste.
Origem: Nações Unidas