As economias africanas enfrentam desafios significativos que exigem uma abordagem multifacetada para fortalecer sua resiliência diante de choques interligados nas esferas política, econômica, energética, tecnológica e climática. Um novo relatório da Unctad, intitulado “Desenvolvimento Econômico da África 2024: Desbloqueando o Potencial Comercial da África”, destaca a necessidade urgente de diversificar as economias africanas, que atualmente dependem de mercados externos e sofrem com altas taxas de dívida pública, além de apresentar infraestruturas inadequadas.
Apesar das dificuldades, o relatório aponta que Cabo Verde se destaca como um dos países mais resilientes entre as nações de língua portuguesa, junto com África do Sul, Botswana, Ilhas Maurício e Marrocos. Essas nações demonstram alguma capacidade de resistir a choques globais, enquanto outras, como Moçambique e Seychelles, enfrentam vulnerabilidades específicas relacionadas à energia e ao clima, respectivamente.
A Unctad enfatiza que é fundamental promover o comércio interafricano e incentivar investimentos em infraestrutura, assim como a implementação de reformas econômicas robustas. Isso permitiria não apenas uma redução da dependência de modelos externos, mas também a exploração do potencial de mercado do continente, estimado em US$ 3,4 trilhões. Essa transformação poderia ser impulsionada pelo enorme potencial demográfico da África, que abriga uma população jovem e crescente.
Além disso, a crescente preocupação com a instabilidade política, evidenciada por um recorde de golpes de Estado e a erosão das instituições democráticas, agrava a situação econômica. Enquanto isso, o continente continua a enfrentar altos níveis de dívida, com muitos governantes gastando mais na gestão da dívida do que em saúde e educação, enquanto menos de metade da população tem acesso à eletricidade.
A Unctad alerta que, embora a África tenha demonstrado crescimento econômico entre 2022 e 2023, essa trajetória está ameaçada pela dependência de commodities e flutuações nos preços. Portanto, a recomendação da agência inclui a promoção de estabilidade macroeconômica, reformas fiscais e um fortalecimento das instituições.
Com as economias mais robustas da região — Quênia, Nigéria e África do Sul — dominando não apenas como usuários, mas também como fornecedores de bens de valor agregado, a vulnerabilidade das redes de produção regional torna-se evidente. De modo a mitigar esses desafios, a Unctad sugere que os governos adotem abordagens inovadoras, como financiamento comercial de emergência e incentivos para fomentar a industrialização local, essenciais para garantir uma economia regional mais resiliente e sustentável.
Origem: Nações Unidas