O vice representante do secretário-geral das Nações Unidas para a República Democrática do Congo, Bruno Lamarquis, alertou sobre a crescente ameaça representada pelos rebeldes do M23, que estão se aproximando da cidade de Bukavu, na província do Kivu do Sul, onde vivem cerca de 1,3 milhão de pessoas. Durante uma coletiva de imprensa em Kinshasa, ele destacou os “enormes efeitos” da movimentação do grupo entre a população civil, sublinhando que a situação de segurança e humanitária na região é “extremamente volátil”.
Lamarquis observou que a situação se agrava com os constantes confrontos, deslocamentos em massa e a crescente insegurança. Durante a semana, o chefe humanitário expressou preocupação com a fragilidade persistente nas províncias do Kivu do Norte e do Sul, áreas já afetadas por violências e violações de direitos humanos. Além disso, nesta terça-feira, um novo ataque do grupo armado Codeco resultou na morte de pelo menos 52 civis na província de Itúri, evidenciando a precariedade do contexto.
O avanço do M23 neste ano, que culminou na ocupação da cidade de Goma em janeiro, já causou a morte de quase 3 mil pessoas e deixou muitos feridos em confrontos intensos. O controle do grupo sobre a capital do Kivu do Norte trouxe um clima de tensão contínua, com amplas consequências humanitárias. Além das ameaças às populações locais, ativistas e jornalistas relatam casos de execuções sumárias e desaparecimentos forçados.
Com o aumento da instabilidade, O Escritório da ONU de Assistência Humanitária (Ocha) confirmou a presença de milhares de deslocados internos em Goma, sendo que muitos foram forçados a deixar os abrigos temporários em busca de segurança em outras áreas. Mais de 110 mil pessoas deslocadas estão vivendo em condições precárias nos territórios de Masisi, Rutshuru e Nyiragongo, levando a ONU a intensificar as avaliações humanitárias na região.
O ambiente se torna ainda mais preocupante com um ultimato de 72 horas emitido pelo M23, exigindo que os deslocados que se encontravam em centros coletivos em Goma retornassem às suas aldeias. O grupo, por sua vez, afirmou que apoia os retornos voluntários, mas ressalta que ninguém deve ser forçado a voltar sem garantias de segurança. Ocha reafirmou que o retorno deve ocorrer em condições seguras e dignas, de acordo com o direito internacional humanitário, em um momento crítico para a população da região.
Origem: Nações Unidas