Entre 2014 e 2018, a construtora portuguesa Zagope transferiu a quantia de 72 milhões de euros para uma empresa controlada por Teodorin Obiang, filho do presidente da Guiné Equatorial. Os documentos revelados pelo jornal Expresso, em colaboração com o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) e outros veículos, sugerem que os pagamentos foram realizados através da empresa de fachada Somagui, envolvendo um alegado esquema de corrupção referente ao comércio internacional.
A investigação, que se baseia em extensos registros financeiros, revela que esses pagamentos se tornaram mais frequentes após a Guiné Equatorial ter ingressado na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2014. Em apenas um ano, a Somagui recebeu 52 milhões de euros por “serviços de terraplanagem”, justificativa que se repetiu nos anos seguintes. Construtora e a Direção-Geral de Impostos da Guiné Equatorial validaram esses pagamentos através de declarações fiscais, apesar de a Zagope ter afirmado ter encerrado suas operações no país em 2015.
As implicações legais desse caso são graves, configurando um possível crime de corrupção no comércio internacional, conforme a legislação portuguesa que prevê penas de até oito anos de prisão. Teodorin Obiang já foi condenado na França em 2017 por questões relacionadas ao seu patrimônio e enfrenta acusações de lavagem de dinheiro no Brasil, evidenciando a complexidade e a gravidade do esquema. As investigações continuam, levantando questões sobre a ética corporativa e os laços entre construtoras e autoridades em países onde a corrupção é um problema sistêmico.
Ler a história completa em Idealista Portugal