O número de refugiados sudaneses que chegaram ao Chade aumentou drasticamente nos últimos dois anos, triplicando para aproximadamente 1,2 milhão, dos quais 844 mil fugiram da violenta guerra que estourou no Sudão em abril de 2023. O conflito entre as Forças Armadas Sudanesas e as Forças de Apoio Rápido tem se intensificado, gerando uma onda de violência descontrolada na região.
Antes dessa crise atual, o Chade já abrigava cerca de 409 mil refugiados sudaneses que escaparam de conflitos anteriores em Darfur. Com a chegada das novas ondas de refugiados, a Agência da ONU para Refugiados (Acnur) destaca que isso está gerando uma “pressão insustentável” sobre a capacidade do país em acolher essas pessoas.
O fluxo mais recente de refugiados começou após ataques violentos em Darfur do Norte, que resultaram em mais de 300 civis mortos e milhares de outros forçados a deixar suas casas. Durante este cenário, um comboio humanitário da ONU foi atacado, resultando na morte de cinco membros e ferindo diversos outros. O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o ataque, que ocorreu em uma tentativa de levar ajuda alimentar a regiões afetadas pela fome.
Nas últimas semanas, as chegadas diárias de refugiados ao Chade têm aumentado, com uma média de 1,4 mil novos refugiados cruzando a fronteira a cada dia. De acordo com o Acnur, mais de 70% desses refugiados relataram graves violações dos direitos humanos, incluindo violência física e sexual. A organização também revelou que seis em cada dez refugiados foram separados de suas famílias.
As condições de vida para os recém-chegados são alarmantes, com apenas 14% das necessidades de abrigo atendidas e milhares expostos a condições climáticas extremas. Além disso, o acesso à água potável é extremamente limitado, com os refugiados recebendo apenas 5 litros por pessoa por dia, bem abaixo do necessário.
A situação é particularmente crítica para mulheres e crianças, que representam nove em cada dez refugiados. A porta-voz do Acnur fez um apelo urgente para que a comunidade internacional forneça suporte, enfatizando que “as vidas e o futuro de milhões de civis inocentes estão em jogo”.
Origem: Nações Unidas