Um estudo recente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto revelou que apenas 2% das crianças com menos de 16 anos atendidas na Unidade Local de Saúde de Matosinhos entre 2001 e 2021 foram identificadas como possíveis vítimas de abusos ou negligência. A professora Teresa Magalhães destaca a importância de detectar e reportar esses casos, enfatizando a obrigatoriedade de notificação para profissionais de saúde e funcionários públicos. A falta de comunicação no sistema de saúde pode atrasar o acesso das vítimas ao suporte necessário, agravando problemas de saúde já existentes.
As crianças que passaram por eventos traumáticos apresentam uma taxa significativamente maior de problemas de saúde, incluindo ferimentos, distúrbios mentais e doenças crônicas na idade adulta, como diabetes tipo 2, que é quase três vezes mais comum nesse grupo. A pesquisa sugere que o estresse crônico resultante do trauma contribui para desequilíbrios físicos e mentais, afetando até mesmo a estrutura cerebral.
Magalhães alerta que, embora muitos ferimentos em crianças sejam acidentais, os profissionais de saúde devem estar atentos a sinais que possam indicar abusos. Indicadores como a ausência de justificativa e a localização incomum dos ferimentos devem ser considerados. Desde 2001, os maus-tratos a crianças são considerados crime público, permitindo investigações, mesmo sem a necessidade de queixa formal. A professora acredita que um maior investimento e conscientização dos profissionais de saúde são cruciais para melhorar a situação atual das crianças vulneráveis.
Origem: Universidade do Porto