O subsecretário-geral da ONU para Assistência Humanitária, Tom Fletcher, fez um apelo contundente aos membros do Conselho de Segurança durante uma sessão dedicada à situação em Gaza. Em suas declarações, ele enfatizou a gravidade das condições enfrentadas pela população local, questionando como os líderes mundiais poderão justificar suas decisões a futuras gerações diante da “atrocidade do Século 21”.
Fletcher destacou que, há mais de 10 semanas, Gaza enfrenta um bloqueio absoluto, sem qualquer entrada de suprimentos essenciais como alimentos, medicamentos e água. Com 70% do território sob controle militar israelense, os civis se veem cada vez mais confinados em áreas reduzidas. A saúde pública está em colapso, com os hospitais sobrecarregados e incapazes de atender aos feridos causados pelos conflitos, enquanto relatos de bombardeios a hospitais, como o acontecido no Hospital Europeu de Gaza, aumentam a urgência da situação.
O chefe humanitário reiterou a necessidade urgente de que a ajuda humanitária seja retomada de forma imparcial e independente, apontando que a proposta de Israel condiciona o auxílio a interesses políticos, o que agravaria a crise e obrigaria mais deslocamentos forçados. Ele expressou a frustração da ONU, que já teve 12 reuniões com autoridades israelenses, mas onde a proposta apresentada foi interpretada como uma “distração deliberada”, que promove ainda mais a violência e o sofrimento.
A situação na Cisjordânia também foi abordada, com Fletcher classificando-a como “a pior em décadas”, e questionou o que mais seria necessário para o Conselho de Segurança agir de maneira eficaz. Ele alertou sobre os riscos da degradação do direito internacional, citando episódios históricos de violações graves, e instou à necessidade de uma resposta firme e imediata para proteger os civis de atrocidades. Para ele, a humanidade, a lei e a razão devem prevalecer em tempos de crise, e a comunidade internacional não pode se calar diante das violações de direitos humanos.
Origem: Nações Unidas