O chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Filippo Grandi, destacou nesta segunda-feira, durante uma reunião em Genebra, a alarmante tendência de “abandono deliberado” das leis de guerra em conflitos contemporâneos. Ele alertou que a comunidade internacional não deve se considerar impotente frente às graves violações dos direitos de refugiados e deslocados forçados.
Grandi revelou que atualmente 122 milhões de pessoas estão deslocadas devido a guerras e perseguições, um número que quase dobrou em apenas uma década. Essa situação crítica expõe as falhas globais na resposta ao deslocamento forçado e reacende discussões sobre a Convenção sobre Refugiados de 1951, que alguns países buscam reformar ou até descartar. Ele reafirmou que essa convenção exige que as nações protejam os indivíduos que fogem de conflitos e discriminação.
O alto-comissário expressou preocupação com as políticas de deportação vigentes em algumas regiões, como Estados Unidos e Europa, argumentando que essas ações violam o direito internacional. O Acnur está disposto a oferecer conselhos e apoio aos Estados, contanto que suas ações respeitem a legalidade internacional.
Grandi também chamou a atenção para a aceitação generalizada da violência indiscriminada, que, segundo ele, tem sido justificada em nome de objetivos militares, resultando em uma “desumanização sistemática” das normas humanitárias. Ele enfatizou que é inaceitável a morte de pessoas enquanto aguardam por alimentos.
A crise de financiamento humanitário também foi mencionada, com Grandi sugerindo que é imprescindível criar respostas mais inclusivas e sustentáveis para a integração econômica e social dos refugiados. Ele lamentou que cortes na ajuda externa possam gerar desilusão nas pessoas em relação às instituições internacionais que lhes devem proteção.
Por fim, ao entrar no seu último ano de mandato, Grandi ressaltou que a proteção dos deslocados e a manutenção das normas humanitárias são responsabilidades coletivas, enfatizando a importância de um compromisso conjunto em prol dos mais vulneráveis. A agência Acnur celebra seus 75 anos de trabalho dedicado à defesa dos direitos dos refugiados, refletindo sobre desafios passados e presentes na luta por justiça e dignidade.
Origem: Nações Unidas
			
                                



							

