Quando pisei pela primeira vez na Amazônia, fiquei impressionada com sua imensidão — mas não apenas com a vastidão natural que geralmente reconhecemos. O que realmente me marcou foi perceber que a Amazônia é um intrincado e aparentemente infinito mosaico de vida, cultura e desafios. É lar de mais de 29 milhões de pessoas, a maioria vivendo em grandes cidades, e se encontra na encruzilhada entre a preservação ambiental e o desenvolvimento inclusivo.
Trata-se, naturalmente, de uma prioridade para as Nações Unidas no país e o foco de um fundo fiduciário multiparceiros criado especificamente para impulsionar soluções econômicas inclusivas e ambientalmente inteligentes. Recentemente, tive o privilégio de visitar os três primeiros projetos financiados pelo Fundo Brasil–ONU para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia. O que vi ali vai além de programas — é a esperança transformadora em movimento.
No coração da Bacia Amazônica, uma poderosa colaboração liderada pelo Unicef, e implementada em conjunto com várias agências da ONU, abre caminho para crianças, adolescentes e jovens indígenas. O programa, que está em suas fases iniciais, se desenrola em oito dos nove estados da Amazônia Legal, guiado por uma abordagem intercultural e sensível a gênero, demonstrando que é possível criar mudanças significativas nas comunidades locais.
Em Acre, conheci parceiros locais comprometidos com a bioeconomia, a governança da terra e a conservação ambiental. Entre as iniciativas, destaca-se um projeto que transforma produtos florestais em bens de maior valor agregado, construindo caminhos sustentáveis para a economia local. Em Rosário, Maranhão, testemunhei o lançamento do “Terras para Elas”, que capacita mulheres, especialmente aquelas de comunidades tradicionais e vulneráveis, a reivindicar seus direitos à terra e garantir meios de vida sustentáveis.
Essas visitas ressaltaram uma mensagem vital: soluções enraizadas nas comunidades produzem resiliência. Os desafios, como o desmatamento e a insegurança fundiária, são palpáveis, mas o Fundo Brasil–ONU mostra que é possível catalisar mudanças quando as iniciativas são cocriadas e lideradas localmente.
Ao caminhar por esses territórios, a transformação social é perceptível — mulheres recuperando direitos, crianças valorizando culturas, comunidades preservando ecossistemas. Isso tudo está sendo construído com uma contribuição generosa do governo do Canadá.
O futuro se apresenta otimista; há um espaço para expandir e fortalecer o que já está dando resultado. As próximas negociações climáticas da COP30, que acontecerão na Amazônia, serão uma oportunidade fundamental para demonstrar compromisso e unir esforços entre governos, empresas e a sociedade civil para garantir que a Amazônia continue sendo uma fonte de vida para as gerações futuras.
Origem: Nações Unidas






