Neste 8 de dezembro, a Síria comemora um marco significativo: um ano desde a queda do governo do ex-presidente Bashar Al-Assad, o que resultou no fim de um sistema de repressão que perdurou por décadas. O secretário-geral da ONU, António Guterres, aproveitou a ocasião para homenagear a “resiliência e coragem do povo sírio” e destacou que o futuro do país representa não apenas uma transição política, mas uma oportunidade de reconstrução de “comunidades despedaçadas” e cura de divisões profundas.
Guterres enfatizou que é essencial criar uma nação onde todos os sírios, independentemente de etnia, religião, gênero ou filiação política, possam viver de forma segura, igualitária e com dignidade. Apesar das enormes necessidades humanitárias que persistem, o secretário-geral citou progressos na restauração de serviços essenciais e no aumento do acesso humanitário, além da criação de caminhos para o retorno de refugiados e deslocados. Desde dezembro de 2024, mais de 1,2 milhão de sírios retornaram voluntariamente de países vizinhos, acompanhados por mais de 1,9 milhão de pessoas deslocadas internamente que voltaram às suas áreas de origem.
Robert Petit, chefe do Mecanismo Internacional, Imparcial e Independente para a Síria, ressaltou que a queda do regime de Assad abriu oportunidades para que a justiça, há muito tempo bloqueada, possa finalmente ser buscada. O mecanismo, criado para responsabilizar indivíduos por crimes graves na Síria, já apoiou 256 investigações. Petit declarou que a justiça deve ser inclusiva e baseada em evidências.
Najat Rochdi, enviada especial adjunta da ONU para a Síria, reafirmou a urgência de colocar as aspirações do povo sírio no centro dos esforços. Com a queda do regime, ela afirmou que esta é a “primeira oportunidade real em gerações” de moldar o futuro do país, que foi devastado por anos de conflito e sofrimento humano. Rochdi destacou a importância de abordar casos de desaparecidos e os direitos de suas famílias, enfatizando a necessidade de dar respostas e dignidade às vítimas.
Por fim, o Escritório de Direitos Humanos da ONU, que por anos foi impedido de operar dentro da Síria, agora possui uma equipe permanente em Damasco, uma mudança que simboliza um ponto de virada significativo. Mohamed Ensour, do Escritório de Direitos Humanos, afirmou que existe agora uma “vontade política do governo” para melhorar as condições, com um compromisso para a continuidade das investigações sobre abusos, não apenas sob o regime anterior, mas também desde sua queda.
Origem: Nações Unidas






