O Cabildo de Tenerife lança estratégia para garantir conectividade digital em situações de emergência
O Cabildo de Tenerife deu início a uma nova estratégia para assegurar que a conectividade digital do Arquipélago Canário não seja mais comprometida por apagões, similar ao ocorrido na Península em abril passado. A iniciativa visa reforçar os sistemas elétricos de backup que alimentam os centros técnicos responsáveis pela gestão dos cabos submarinos que conectam as Ilhas Canárias ao resto do mundo.
A presidente insular, Rosa Dávila, enfatizou a importância dessa ação: “não podemos permitir que um incidente fora de nossas fronteiras nos deixe incomunicados novamente”. Assim, foi aprovada a licitação de um contrato de manutenção preventiva e corretiva para os geradores elétricos e sistemas auxiliares, como depósitos de combustível e painéis de comutação automática, através da Canalink, a empresa pública encarregada da infraestrutura de conectividade.
Uma rede crítica para serviços essenciais
O principal objetivo é garantir a continuidade de serviços essenciais como o 112, atendimento médico, acesso à internet, telefonia e comunicações entre administradores, mesmo em cenários críticos onde o fornecimento de energia elétrica seja interrompido. Dávila assegurou que a medida “garante que os sistemas de backup sejam ativados de forma automática e segura” em caso de cortes.
O contrato, que inclui um orçamento de 133.000 euros e uma duração inicial de dois anos (prorrogável por mais três), é dividido em três lotes, abrangendo centros técnicos da Canalink em Güímar (Tenerife), El Goro e Nobel (Gran Canaria), além de locais estratégicos na Península, como Rota, Conil e Santa Justa (Andaluzia). Essas instalações abrigam os equipamentos que mantêm a rede internacional de conectividade, pela qual circulam milhões de chamadas, dados e acessos à internet diariamente.
Canárias como um nó estratégico no mapa digital
O conselheiro insular de Inovação, Juan José Martínez, destacou que esta rede “silenciosa, mas essencial” permite que tudo continue funcionando, mesmo em caso de falhas elétricas. “Não podemos permitir que um incidente externo nos deixe novamente sem conexão ou sem acesso a serviços básicos”, afirmou.
Martínez lembrou que a Canalink é um operador público, neutro e independente, criado pelo Cabildo de Tenerife no âmbito do projeto ALiXCanarias, cuja missão é garantir as comunicações entre o Arquipélago e a Península através de cabos submarinos de alta capacidade. Atualmente, a empresa gerencia uma rede que liga as Canárias à Europa, África e América, oferecendo acesso a mais de 35.000 quilômetros de fibra óptica e a mais de 20 países.
Graças à sua localização estratégica e ao acesso a vários Pontos de Presença (PoPs) internacionais, a Canalink conecta as Canárias diretamente com grandes infraestruturas digitais do hemisfério norte e sul, melhorando significativamente o desempenho, a velocidade e a segurança dos serviços digitais disponíveis nas ilhas.
Preparação para o inesperado
O apagão ocorrido em 28 de abril, que afetou por horas serviços digitais cruciais nas Canárias, serviu como um ímpeto para essa ação preventiva. “Estamos investindo em resiliência tecnológica”, afirmou Martínez, “para que, independentemente do que ocorra no exterior, as Canárias permaneçam conectadas, funcionais e protegidas”.
Esta iniciativa reitera o compromisso do Cabildo em manter uma infraestrutura digital robusta e autônoma, capaz de resistir não apenas a problemas técnicos, mas também a riscos geopolíticos e climáticos que possam afetar o funcionamento normal das redes globais.
Em um mundo cada vez mais interdependente, onde a conectividade digital é tão vital quanto o fornecimento de energia elétrica ou água, “blindar a rede é proteger o presente e o futuro das Canárias”.