O relatório “Mulheres Líderes na Política 2025”, divulgado na semana passada pela ONU Mulheres, revela um preocupante retrocesso na presença feminina em cargos de liderança, como chefes de Estado e ministros. A análise de dados até 1º de janeiro de 2025 aponta que apenas 27 países são liderados por mulheres, um aumento modesto em relação aos últimos cinco anos, contando com seis novas chefes de governo. No entanto, 103 países ainda não registraram uma mulher em posições executivas mais altas.
A ONU Mulheres enfatiza que esse desequilíbrio se reflete também na representação ministerial, onde as mulheres ocupam apenas 22,9% dos cargos de chefia. A situação é particularmente variada nos países de língua portuguesa, com São Tomé e Príncipe destacando-se pelo maior percentual, de 41,7%, seguido por Portugal com 41,2% e o Brasil em 32,3%.
Os dados também revelam que o número de gabinetes com pelo menos metade de mulheres caiu para nove, e o total de nações sem mulheres em cargos ministeriais subiu para nove. Apesar de regiões como Europa e América do Norte liderarem em termos de proporção de mulheres ministras, a Ásia Central e Meridional permanece significativamente atrás, com apenas 9%.
Sima Bahous, diretora executiva da ONU Mulheres, destacou que a erosão da liderança feminina ocorre em um momento em que decisões inclusivas são mais necessárias do que nunca. Ela alerta que a exclusão das mulheres nos níveis mais altos de liderança compromete o progresso e a governança equitativa.
O relatório também menciona uma escalada da violência contra mulheres na política, tanto online quanto offline, que tem dificultado o ingresso e a permanência delas em carreiras políticas. As mulheres são frequentemente relegadas a pastas consideradas “femininas”, enquanto os homens ocupam cargos estratégicos que influenciam políticas nacionais e globais.
Com a diminuição do número de ministérios dedicados à igualdade de gênero, a ONU Mulheres reforça a urgência de medidas eficazes para garantir um espaço de liderança mais igualitário e seguro para as mulheres em todo o mundo.
Origem: Nações Unidas