A Comissão de Inquérito da ONU sobre a Síria divulgou, na quinta-feira, um relatório alarmante que evidencia a intensificação da violência na costa e no centro-oeste do país desde janeiro. Segundo o levantamento, os crimes cometidos durante esse período podem ser classificados como crimes de guerra.
O foco principal dos ataques foram as comunidades alauítas, que representam cerca de 10% da população síria e estão historicamente associadas ao regime de Bashar Al-Assad. O relatório menciona massacres ocorridos no início de março, onde foram registrados assassinatos, torturas e o desrespeito aos mortos, além de saques e incêndios em residências. Impressões serológicas desses atos foram divulgadas nas redes sociais, mostrando abusos e humilhações de civis.
Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão, expressou sua preocupação com a gravidade da violência, destacando que a brutalidade dos atos documentados é “profundamente perturbadora”. Ele reforçou a necessidade de responsabilização por parte das autoridades interinas, independentemente da posição ou afiliação dos envolvidos, e mencionou que a quantidade de detidos até o momento não reflete a escala da violência, justificando a necessidade de intensificar os esforços para prender os responsáveis.
O Inquérito Nacional, iniciado a pedido do presidente interino em março, indicou que 298 militares e 265 pessoas ligadas a grupos armados do antigo governo foram identificados como suspeitos. No entanto, as evidências coletadas revelaram uma realidade ainda mais sombria, com corpos deixados nas ruas e dificuldades das famílias em realizar enterros apropriados, levando a um acúmulo de cadáveres em hospitais.
A Comissão identificou uma violência sistemática contra civis, incluindo execuções extrajudiciais e torturas, praticadas por facções específicas dentro das forças de segurança. O relatório também confirmou que a situação é ainda mais desesperadora, com pessoas relatando sequestros, prisões arbitrárias e desaparecimentos forçados.
As conclusões da Comissão foram embasadas em investigações extensivas, incluindo entrevistas com mais de 200 vítimas e testemunhas. Apesar do acesso às áreas afetadas, a violência continua a agravar as divisões sociais existentes, alimentando um clima de medo e insegurança entre a população síria.
Origem: Nações Unidas