Rapidus, a grande aposta japonesa para recuperar espaço na corrida mundial de semicondutores avançados, teve que esclarecer as expectativas em torno de sua produção. A empresa desmentiu informações que sugeriam o início da construção de uma nova fábrica para chips de 1,4 nanômetros, além de um cronograma definido para a produção em massa. O foco imediato, segundo a comunicação oficial, permanece na conclusão da primeira geração de chips de 2 nm em Hokkaido.
Esse esclarecimento acontece em um contexto de intensa pressão tecnológica e geopolítica. O Japão lançou um ambicioso plano de apoio público à indústria de semicondutores, com cerca de um trilhão de ienes destinados apenas à Rapidus e uma previsão de até 65 bilhões de dólares em incentivos ao setor até 2030, na tentativa de recuperar sua posição na fabricação avançada de chips.
Recentemente, circularam rumores que indicavam que a Rapidus estaria avançando para uma segunda fábrica voltada para o segmento de 1,4 nm, o que gerou grande expectativa no setor. No entanto, a empresa esclareceu que não há construção em andamento nem um plano de produção definido para este novo nodo. Para a Rapidus, o objetivo primordial é garantir a viabilidade técnica e econômica da produção em massa de chips de 2 nm.
Fundada em agosto de 2022 como uma joint venture entre oito gigantes japoneses, incluindo Toyota e Sony, a Rapidus tem a missão de levar o Japão de volta à vanguarda da fabricação avançada de semicondutores. No momento, a empresa está finalizando sua primeira fábrica em Chitose, Hokkaido, impulsionada por investimentos públicos que já totalizam cerca de 1,7 trilhões de ienes.
O governo japonês tem optado por transformar a indústria de semicondutores do país, que viu sua participação no mercado global despencar de 50% na década de 1980 para cerca de 10% em 2019. Para isso, estão sendo oferecidos incentivos financeiros massivos, incluindo apoio à construção de fábricas de memória e lógico avançado, e parcerias com empresas dos Estados Unidos e da Europa em tecnologia de ponta.
O desmentido da Rapidus serve para amenizar expectativas excessivas e reafirmar o foco em resultados tangíveis a curto prazo, com a produção de chips de 2 nm como prioridade. Com a crescente demanda por semicondutores avançados impulsionada pelo mercado de inteligência artificial, o desempenho da Rapidus nos próximos anos poderá determinar o equilíbrio de poder tecnológico na arena global, em um cenário onde os chips têm se mostrado um recurso estratégico vital.






