A privacidade digital se tornou um dos debates centrais da sociedade conectada. Em um mundo onde grandes empresas de tecnologia, operadoras de telecomunicações e corretores de dados realizam comércio com informações pessoais, o foco não está apenas na magnitude do problema, mas nas ferramentas legais e práticas disponíveis para combatê-lo.
Estados Unidos e União Europeia apresentam dois modelos distintos. Enquanto no primeiro a autorregulação do mercado prevalece, na Europa a aposta é em um marco legal rigoroso como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD). A questão que se levanta é: qual modelo protege melhor os cidadãos? E o que cada um pode aprender com o outro?
Nos Estados Unidos, os corretores de dados movimentam bilhões de dólares anualmente. Empresas como Acxiom e Experian coletam informações de registros públicos, compras e até dados de geolocalização de apps. Um recente relatório da Oficina do Diretor de Inteligência Nacional confirmou que agências do governo adquirem essas informações em vez de solicitá-las por mandados judiciais, justificando que são “comercialmente disponíveis”. Muitos cidadãos sequer sabem que existem perfis detalhados sobre eles, incluindo hábitos de consumo. Embora leis estaduais como a CCPA busquem limitar esses excessos, o mercado continua a prosperar.
Na Europa, o RGPD e a normativa ePrivacy estabelecem um ambiente mais restritivo. Nenhuma empresa pode comercializar dados pessoais sem consentimento explícito. No entanto, na prática, muitos usuários aceitam rastreamento sem ler as condições. Apesar das multas aplicadas a gigantes como Meta e Google, o modelo de negócio da exploração de dados pessoais ainda se mantém.
A comparação revela que os EUA oferecem menos garantias legais, mas mais transparência sobre os corretores de dados, enquanto a Europa apresenta um sistema mais protetivo, embora a eficácia dependa da vigilância de autoridades reguladoras.
Ambos os modelos enfrentam desafios na proteção da privacidade digital, evidenciando que o futuro passa por uma combinação de regulamentação, educação digital e ferramentas técnicas. Uma cidadania informada é essencial, pois cada interação online contribui para um ecossistema onde as informações pessoais se tornaram a nova moeda de troca.