A prescrição de medicamentos para o tratamento da diabetes em Portugal tem apresentado mudanças significativas nos últimos anos, conforme revela um estudo coordenado por João Sérgio Neves, investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Entre 2017 e 2024, a utilização de fármacos agonistas dos recetores de GLP-1, como semaglutido e liraglutido, estabilizou, possivelmente devido à sua escassez nas farmácias. Em contrapartida, a classe dos inibidores da SGLT-2 tem sido cada vez mais utilizada, aumentando de 3,7% das prescrições em 2017 para 29,3% em 2024.
Neves destaca que esse crescimento na prescrição de inibidores da SGLT-2 é um sinal positivo. Estes medicamentos não só ajudam a controlar a diabetes, mas também a reduzir o risco cardiovascular e renal, problemas frequentemente associados à doença. Embora a prescrição de agonistas de GLP-1 tenha crescido consideravelmente até 2022, a estabilização nos últimos dois anos sugere que a falta de disponibilidade pode ter afetado o aumento das receitas.
Enquanto esses medicamentos, que podem beneficiar pacientes com diabetes e também, de forma off label, auxiliar na perda de peso, estão disponíveis sob determinadas condições, Neves aponta que muitos pacientes de alto risco não estão recebendo a terapia adequada. Ele defende que as instituições precisam repensar os modelos de acesso a essa medicação, garantindo que todos os doentes com indicação clínica sejam tratados desde cedo.
O grupo de pesquisa de Neves continua a estudar os efeitos e benefícios desses novos fármacos, esperando contribuir para a melhoria do tratamento de pacientes com diabetes e obesidade no futuro.
Origem: Universidade do Porto






