Nesta terça-feira, o Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, promoveu um painel de alto nível destinado a discutir o impacto do racismo e da discriminação racial na democracia, além de sua influência na participação cívica. Durante o evento, Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial no Brasil, destacou a necessidade de eliminar desigualdades sistêmicas que historicamente excluíram afrodescendentes, povos indígenas e outras comunidades marginalizadas das tomadas de decisão.
Franco argumentou que a justiça racial e a democracia são indissociáveis, enfatizando que o Brasil tem sido um líder na formulação de resoluções que buscam unir o mundo em prol da igualdade racial. Ela defendeu a criação de democracias inclusivas, que necessitam de políticas voltadas para a promoção da igualdade e a ampliação da representação política.
A vice alta comissária para os Direitos Humanos, Nada Al-Nashif, alertou que a presença de racismo e discriminação nas estruturas democráticas prejudica não apenas os direitos individuais, mas também compromete os fundamentos da própria democracia e a coesão social. Ela mencionou a escalada de discursos de ódio e hostilidade que, impulsionados pelas redes sociais e pela inteligência artificial, manipulam a opinião pública e alimentam o medo e a divisão.
Al-Nashif também ressaltou a baixa representação de grupos raciais e étnicos nas esferas políticas, citando dados que revelam que entre 2019 e 2024, apenas cerca de 4% dos membros do Parlamento Europeu se identificavam como pertencentes a minorias raciais. Essa falta de representação é vista como um reflexo de barreiras persistentes, como a violência de gênero e padrões históricos de discriminação.
O evento reuniu mais de 40 oradores, que propuseram legislações e políticas de ação para combater o racismo e promover a inclusão social de maneira eficaz. A discussão enfatizou que a luta contra a discriminação racial é essencial para fortalecer as bases da democracia em todas as nações.
Origem: Nações Unidas