A representante especial do secretário-geral da ONU no Afeganistão, Roza Otunbayeva, apresentou uma atualização ao Conselho de Segurança sobre a alarmante situação no país. Ela relatou que a população afegã está profundamente preocupada com as intrusões nas suas vidas privadas por parte das autoridades do Talibã, além de temer um isolamento cada vez maior em relação ao restante do mundo.
No âmbito humanitário, a situação é crítica. Mais de 50% da população afegã, aproximadamente 23 milhões de pessoas, necessitará de assistência humanitária este ano, mas a ajuda está diminuindo rapidamente. Otunbayeva destacou que o recente corte de financiamento já teve um impacto devastador, resultando no fechamento de mais de 200 unidades de saúde, afetando cerca de 1,8 milhão de pessoas. Os serviços essenciais, especialmente aqueles voltados para a desnutrição infantil, foram severamente limitados, enquanto as agências parceiras reduziram drasticamente suas operações.
Apesar do cenário sombrio, a representante especial saudou a decisão do Banco Mundial em destinar US$ 240 milhões adicionais para o setor de saúde até novembro de 2026, o que poderá oferecer algum alívio à crise.
Otunbayeva também enfatizou que, nos últimos três anos, houve avanços significativos no acesso a serviços básicos e na inclusão social dos afegãos, mas expressou preocupação de que esses progressos possam ser revertidos devido à interrupção da assistência. Ela alertou que muitos afegãos podem retornar a modos históricos de sobrevivência, como a migração, caso a situação continue a deteriorar.
No que diz respeito aos direitos humanos, a representante destacou que as restrições impostas às mulheres pelo Talibã não têm justificativa no Islã, apesar das pressões internacionais e do apelo de muitos na própria população afegã. As proibições, incluindo a educação de meninas, que está prestes a completar quatro anos, são vistas como um retrocesso. Otunbayeva criticou as autoridades afegãs por tratarem suas obrigações internacionais de maneira “seletiva”, frequentemente rejeitando normas que consideram interferências em sua soberania ou que violam tradições locais.
Origem: Nações Unidas