A transição para fontes renováveis de energia ganhou um novo aliado: a informação meteorológica. Em um cenário de mudanças climáticas extremas, dados sobre o clima estão se tornando essenciais para otimizar a geração de eletricidade a partir de fontes como solar, eólica e hidrelétrica. Um recente relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) destacou como fenômenos climáticos, incluindo El Niño e variações de temperatura, influenciam a produção energética em todo o mundo.
Com um clima mais seco, a capacidade de geração de energia solar aumenta, enquanto os impactos decorrentes do El Niño podem dar um impulso significativo à energia eólica, afetando diretamente a produção. Além disso, padrões de precipitação excepcionais têm um papel crucial na operação de usinas hidrelétricas, evidenciando a interdependência entre clima e energia.
De acordo com a OMM, integrar previsões climáticas ao planejamento do setor energético não apenas resulta em uma geração de eletricidade mais confiável, mas também permite antecipar picos de demanda, melhorando a infraestrutura e a adaptação a novas condições climáticas. O relatório sublinha que estratégias baseadas em dados meteorológicos são fundamentais para que o mundo atinja metas ambiciosas de triplicar a capacidade de energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030.
O estudo também analisa as mudanças de 2023, ano marcado pela transição de um fenômeno La Niña para um El Niño, que afetou variáveis climáticas críticas como velocidade do vento e radiação solar. Este foi o ano mais quente já registrado até então, recorde que foi superado em 2024.
Particularmente na América do Sul, as condições propícias do El Niño resultaram em um aumento de 3,9% na capacidade de geração solar, traduzindo-se em mais 3,5 TWh/ano na região. O Leste Asiático, por sua vez, observou um aumento de 4,1% na produção de energia eólica, principalmente concentrada na China.
O relatório enfatiza a importância de manter um portfólio diversificado de fontes de energia, como a combinação de solar, eólica e hidrelétrica, além de explorar tecnologias emergentes como a energia geotérmica para minimizar os efeitos da variabilidade climática. A capacidade instalada de energia eólica ultrapassou 1 mil GW em 2023, um crescimento de 13% em relação ao ano anterior, enquanto a energia solar cresceu 32%, alcançando 1.420 GW. A geração hidrelétrica viu um leve aumento, atingindo cerca de 1.410 GW.
Este estudo foi realizado em colaboração com a Agência Internacional de Energia Renovável e o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, ressaltando a necessidade urgente de integrar as ciências climáticas na formulação de políticas energéticas globais.
Origem: Nações Unidas