Durante décadas, o nome da Nokia evocou celulares robustos, como o lendário 3310, cuja melodia e o famoso jogo da serpente ficaram gravados na memória coletiva. No entanto, após a ascensão dos smartphones, a empresa finlandesa se reinventou como um dos principais fabricantes de hardware e software para redes móveis, competindo com gigantes como Ericsson e Huawei.
Em 2025, a Nokia está passando por uma nova transformação. Desta vez, busca ser reconhecida não apenas como fornecedora de infraestrutura de telecomunicações, mas também como um ator essencial no ecossistema de centros de dados, impulsionada pelo crescimento acelerado da inteligência artificial.
“O crescimento está nos centros de dados”
“A expansão está ocorrendo dentro e entre os centros de dados”, explicou Vinai Sirkay, diretor de desenvolvimento de negócios da Nokia, em entrevista à DCD. “Seja no nível de comutação interna, conectividade IP entre centros ou interconexão óptica, estamos dobrando nossa aposta nesse sentido.”
Com a explosão de aplicações baseadas em IA generativa, modelagem avançada e raciocínio automático, a demanda por infraestrutura de processamento e conectividade nunca foi tão alta. A Nokia não quer ficar de fora desse novo cenário tecnológico.
Um CEO com foco em centros de dados
A estratégia não é casual. Em 2020, a Nokia lançou seu primeiro portfólio de hardware voltado para centros de dados. Porém, o verdadeiro ponto de virada foi a nomeação de Justin Hotard como CEO, substituindo Pekka Lundmark. Hotard traz uma experiência valiosa, tendo liderado a linha de produtos para centros de dados na Intel, além de ter atuado como chefe da divisão de High Performance Computing na Hewlett Packard Enterprise (HPE).
Infinera: uma aquisição de 2,3 bilhões para entrar forte nos EUA
Um mês antes da nomeação de Hotard, a Nokia concluiu a aquisição da Infinera por 2,3 bilhões de dólares. Esta operação não só reforça a capacidade tecnológica da Nokia, como também a conecta a uma base sólida de clientes entre os grandes players de cloud e web.
“Infinera nos dá escala para acelerar nossas inovações”, afirmou Hotard em sua primeira conferência de resultados.
De switches a automação: a oferta para centros de dados
Embora a Nokia não construa centros de dados, fornece o equipamento que os faz funcionar: switches, routers, plataformas de automação e software de orquestração. A empresa já firmou acordos significativos com gigantes como Apple, Microsoft Azure, CoreSite e Kyndryl.
Interconexão como desafio da IA
Subho Mukherjee, responsável global de sustentabilidade da Nokia, observa que “a IA foi um catalisador único para o crescimento dos centros de dados”. O crescimento da IA demanda redes rápidas e seguras para comunicação entre centros de dados, algo que a Nokia se propõe a oferecer.
Além do negócio tradicional de telecomunicações
Apesar de sua expansão, a Nokia não abandonará sua divisão principal: as redes de acesso rádio (RAN), onde ainda é uma das líderes globais. No entanto, sua nova estratégia de centros de dados permitirá diversificar as fontes de receita e se posicionar melhor frente à concorrência crescente.
“Ainda temos duas áreas: telecomunicações e centros de dados”, resume Gulyani. “Agora, na área de cloud networking, conectamos todas as nuvens a seus usuários finais e queremos colaborar com todos nesse ecossistema.”
Nesse cenário, a Nokia se vê como um parceiro indispensável na infraestrutura digital que permitirá a expansão da IA no futuro.