Metade dos inquilinos da Área Metropolitana de Lisboa (AML) enfrentou a necessidade de mudar de casa nos últimos cinco anos, com um terço desses deslocamentos ocorrendo contra vontade e impulsionados pela decisão dos senhorios. Uma pesquisa realizada pelo Observatório sobre Crises e Alternativas do Centro de Estudos Sociais revela que 18% dos entrevistados mudaram de residência três ou mais vezes nesse período. Esse cenário reflete uma crescente insegurança e instabilidade no mercado de arrendamento na região, como apontam quatro investigadoras que analisaram as condições habitacionais.
Os dados mostraram que 53% dos inquilinos sentem insegurança sobre sua permanência na habitação, percentual que se eleva para 70% entre os estrangeiros. Além disso, um em cada dez inquilinos relatou ter sido alvo de assédio para desocupar o imóvel antes do término do contrato, com esse problema afetando especialmente os idosos e cidadãos estrangeiros. As investigadoras advertiram que a realidade do mercado habitacional, especialmente o segmento de rendas controladas, acentua as desigualdades econômicas e sociais, criando um ciclo de vulnerabilidade para muitos.
O estudo ainda revelou que três em cada quatro famílias na AML gastam mais de 35% de sua renda com aluguel, e 45% delas destinam mais da metade do salário apenas para essa despesa. Essa carga financeira elevada contribui para a reprodução da pobreza e desigualdade, afetando desproporcionalmente mulheres, estrangeiros e famílias lideradas por mulheres. Em um mercado que as pesquisadoras descrevem como “segmentado, inacessível e inseguro”, 90% dos inquilinos vivem em condições inadequadas, ressaltando a necessidade urgente de intervenções para melhorar a situação habitacional.
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