Durante o mês de setembro, o setor imobiliário espanhol voltou a alcançar números recordes. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a compra e venda de imóveis registrou um crescimento de 3,8% em relação ao ano anterior, totalizando 63.794 transações, o maior volume para um mês de setembro desde o início das estatísticas. Este valor também representa o segundo melhor resultado de 2025, apenas atrás de julho.
As novas construções foram as grandes protagonistas do período, com as transações aumentando 10,8%, resultando em 13.823 imóveis vendidos, a cifra mais alta para setembro desde 2010. Em contrapartida, o mercado de imóveis usados, que concentra 78,3% das transações, apresentou um avanço de 2%, com 49.971 operações — o melhor registro para este mês nos últimos 18 anos.
No acumulado do ano, de janeiro a setembro, foram vendidas mais de 500.000 casas, um crescimento de 14,4% em comparação ao mesmo período de 2024. O setor de imóveis novos liderou esse crescimento, com um aumento de 24,1%, enquanto o setor de imóveis usados cresceu 12%. Por regiões, a Andaluzia foi a que mais se destacou, com 12.584 operações, seguida pela Comunidade Valenciana (10.413), Catalunha (9.491) e Madrid (7.787). No entanto, Baleares, Astúrias, La Rioja, Madrid e Comunidade Valenciana apresentaram as maiores quedas relativas.
Para Iñaki Unsain, Personal Shopper Imobiliário de destaque na Catalunha e diretor geral da ACV Gestão Imobiliária, esses dados não indicam uma mudança de ciclo, mas sim uma normalização após um ano particularmente dinâmico. Segundo ele, “agosto sempre é um mês atípico; o que importa é a evolução anual”. Unsain aponta que a média mensal de compras supera 60.000, claramente acima de 2024, confirmando que o mercado está funcionando bem.
A força do mercado é atribuída a três fatores principais: a melhoria nas condições de financiamento, com hipotecas fixas já abaixo de 2% para perfis solventes; a migração do aluguel, impulsionada pelos altos preços dos aluguéis que, em muitos casos, fazem com que a quota hipotecária seja inferior à do aluguel de um imóvel similar; e a escassez estrutural de oferta, especialmente em habitação acessível, agravada pela virtual extinção da oferta de habitação protegida. “A demanda cresce e a oferta não acompanha, e enquanto não houver incentivo à construção de habitação protegida, o acesso continuará sendo um problema”, alerta.
A estatística do INE confirma essa insuficiência da oferta: em setembro, apenas 6,9% das operações foram de habitação protegida, totalizando 4.388 imóveis, com uma queda de 6,9% em relação ao ano anterior. “Não se vende habitação protegida porque não existe produto. Enquanto não se incentivar sua construção, o acesso seguirá sendo um problema”, insiste Unsain.
Por outro lado, as novas construções continuam a ganhar espaço, com um crescimento de 2,9% em agosto, enquanto a habitação usada caiu 4,9%, refletindo que a promoção começa a ser reativada após anos de contenção. Para o último trimestre, Unsain prevê estabilidade: “Se nada der errado, continuaremos a ter mais de 60.000 compras mensais até o final do ano. A chave não está em aumentar ou diminuir 3% as operações de um mês específico, mas sim em que a tendência é claramente positiva. O mercado imobiliário espanhol continua muito ativo”.






