Dois meses após a queda do ex-presidente Bashar al-Assad, a Síria intensificou seus esforços para localizar milhares de indivíduos desaparecidos. Durante uma recente visita ao país, a equipe da Instituição Independente sobre Pessoas Desaparecidas na Síria ouviu relatos inquietantes de que “todo mundo conhece” alguém que desapareceu sem deixar vestígios. A chefe da instituição, Karla Quintana, reuniu-se com altos funcionários do novo governo, incluindo o ministro das Relações Exteriores e o vice-ministro responsável por Assuntos Humanitários, destacando a abertura das autoridades em discutir esse grave problema.
A equipe também visitou locais como Darayya e Tadamon, regiões devastadas pela guerra, onde muitos relataram que esta foi a primeira vez que puderam falar sobre seus entes queridos desaparecidos. A necessidade de esclarecer o destino das pessoas desaparecidas foi enfatizada por Quintana, que ressaltou a importância da confiança e da apoio internacional no processo de cura e reconstrução do país.
Além disso, a equipe visitou a prisão de Sednaya e o local de sepultamento da Ponte de Bagdá, ambos símbolos de longos anos de repressão e violação dos direitos humanos na Síria. A Instituição Independente pretende apresentar um projeto às autoridades nas próximas semanas, com o intuito de fomentar discussões sobre o paradeiro dos desaparecidos e apoiar as famílias que buscam respostas.
Este movimento é considerado um passo fundamental para a verdade e a paz duradoura no país, que enfrenta mais de 50 anos de regime autoritário e 14 anos de conflito armado. A declaração da instituição sublinha a urgência de entender a dimensão da tragédia humana que se desenrolou ao longo das décadas, destacando que o papel da sociedade civil será crucial para a criação de um futuro mais justo para todos os sírios.
Origem: Nações Unidas