Nesta quarta-feira, as Nações Unidas publicaram um relatório contundente que detalha a brutal repressão do governo de Bangladesh, liderado pela ex-primeira-ministra Sheikh Hasina, contra manifestantes. Entre 1 de julho e 15 de agosto, a análise mostrou que as forças de segurança utilizaram violência sistemática, resultando na morte de até 1,4 mil pessoas, incluindo uma alarmante porcentagem de crianças. A resposta do governo a uma onda de protestos, em particular após a decisão judicial de restaurar um sistema de cotas em empregos públicos, foi caracterizada como “uma política oficial para atacar e reprimir violentamente manifestantes antigoverno”.
O relatório dos investigadores de direitos humanos da ONU afirma que a situação se agravou com a implementação de estratégias de repressão coordenadas, com evidências de execuções extrajudiciais, prisões em massa e tortura, sob a supervisão de altos funcionários do governo. O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, denunciou a brutalidade como uma “estratégia calculada” para manter o poder diante de uma oposição crescente.
A investigação também revelou relatos de violência retaliatória contra grupos específicos, incluindo religiões minoritárias e povos indígenas, com um número preocupante de detenções e crimes cometidos sem punição. A necessidade urgente de responsabilização e justiça é enfatizada, apontando que a reconciliação nacional de Bangladesh depende dessas ações. Uma equipe da ONU, que incluiu especialistas de várias disciplinas, foi enviada ao país a pedido do governo interino, que expressou disposição para colaborar na investigação da situação.
Origem: Nações Unidas